Cérebro humano: é possível compará-lo a um computador?

Cérebro humano: é possível compará-lo a um computador?
Para o médico psiquiatra Cyro Masci, o cérebro humano é como um computador, sendo que sua programação soluciona muitos problemas mas pode levar a reações e decisões equivocadas

Segundo dados do Mental Health Index, organização que monitora a saúde mental em alguns países, a pandemia reduziu a capacidade de manter a atenção em 33%, enquanto o risco de desenvolver ansiedade generalizada aumentou em 30%.
Segundo o médico psiquiatra Cyro Masci “essas alterações podem ser melhor compreendidas se soubermos que nosso cérebro processa informações com rotinas similares a um computador, e que esses verdadeiros algoritmos podem conter rotinas desatualizadas para nossas necessidades atuais.”
Para Cyro Masci, o cérebro pode ser comparado a um computador, não na sua estrutura física, mas sim quanto a rotinas de programação. Segundo o médico, a capacidade de o cérebro processar informações é muito extensa, e é realizada de modo muito semelhante ao processo de decisão por algoritmos, rotinas que geram respostas padronizadas, inclusive emocionais.
Segundo Masci, assim como um computador pode conter erros de programação, ou rotinas que estejam desatualizadas para as necessidades de processamento, o cérebro humano também pode realizar interpretações equivocadas. De acordo com Masci, “trazemos na nossa memória fisiológica rotinas cerebrais muito antigas que eventualmente falham diante de desafios contemporâneos”.
Reação de Emergência
Segundo o psiquiatra, “várias dessas rotinas, que nem sempre estão à altura dos desafios atuais, estão armazenadas em áreas do cérebro dedicadas à nossa sobrevivência biológica em situações de risco de integridade física”.
Cyro Masci exemplifica o funcionamento dessas regiões com uma experiência comum: “se você estiver atravessando uma rua e ouvir o guinchado de um pneu cantando, não vai ficar pensando muito, provavelmente vai se sentir assustado e sair da rua o mais rápido que puder, de maneira automática e instintiva”, completa.
Segundo Masci, “o problema é que esse sistema de respostas a emergências é extremamente eficiente para situações de risco físico, mas muito pouco ou nada eficiente nas dificuldades que nos ameaçam de outras maneiras, como problemas no trabalho, uma discussão doméstica, negociar com um cliente ou dificuldades de relacionamento com pessoas. Ou situações novas, como as mudanças no trabalho e inseguranças relacionadas à pandemia. A programação no cérebro, armazenada na nossa memória fisiológica, não possui rotinas automatizadas adequadas para enfrentar ameaças e riscos que não sejam de dano físico imediato”.
Felizmente existe escapatória para essa armadilha, já que “é possível modificar esse algoritmo de emergência, modulando o cérebro, por exemplo, com auxílio de fármacos adequados, o que inclui fitoterápicos e nutrientes apropriados”, afirma o médico.
Cyro Masci relata que “esse descompasso entre reações automatizadas que são apropriadas para perigos físicos, mas pouco ou nada úteis diante de ameaças contemporâneas, seja de relacionamento interpessoal ou emocionais, pode contribuir de modo decisivo para o desencadeamento de transtornos psiquiátricos”, concluindo que modular as interpretações e reações do cérebro é uma medida imprescindível para quem deseja possuir uma boa saúde mental.
Cyro Masci é médico psiquiatra em São Paulo, atua com abordagem médica conciliando a medicina tradicional com várias práticas não convencionais.
A Pesquisa Nacional Chinesa sobre Sintomatologia da Depressão, realizada com 3.256 pacientes locais que sofrem de transtorno depressivo, revelou que mais de 70% dos participantes apresentaram sintomas gastrointestinais. Além disso, foi possível encontrar relação entre a gravidade dos problemas do trato gástrico e intestinal e nível de depressão.
Segundo o médico psiquiatra Cyro Masci, “a microbiota intestinal, nome técnico para os micróbios que habitam nosso intestino, pode exercer grande influência no cérebro e, assim, modular emoções e comportamentos”. De acordo com o especialista, essa é mais uma pesquisa que mostra a importância da conexão entre intestino e cérebro na psiquiatria.
Barreira de defesa
Masci exemplifica o modo como os micróbios intestinais afetam o comportamento por uma linha de pesquisas já realizadas. Segundo o psiquiatra, essas pesquisas foram facilitadas ao se estudar camundongos criados livres de germes, que depois receberam micróbios de outro sistema gastrointestinal – em geral de indivíduos que sofrem de algumas doenças. “Por exemplo, camundongos não ansiosos, que receberam germes intestinais de ratos que tinham traços de ansiedade, passaram a exibir comportamento ansioso”, diz o médico.
E as mudanças não são apenas no comportamento. “Camundongos criados livres de germes no intestino e que receberam micróbios de pessoas com doença de Parkinson, passaram a apresentar alguns dos sintomas motores típicos dessa enfermidade”, acrescenta Cyro Masci.
Para o médico, o modo como as várias mudanças na biota intestinal afetam o cérebro e o comportamento humano ainda é objeto de estudos, mas existem algumas possíveis explicações. “Talvez substâncias químicas que esses micróbios liberam tenham a capacidade de atravessar a barreira de defesa do cérebro e modificar o modo de funcionamento das células nervosas”, afirmou.
Além disso, provavelmente, a ação química não é a única responsável por essas alterações. Segundo Masci, “os micróbios intestinais conseguem modificar a atividade da inervação do sistema gastrointestinal e, desse modo, levar informações por via elétrica ao cérebro”.
Por fim, Cyro Masci conclui que, nos últimos anos, foram realizados vários progressos no conhecimento de como a biota intestinal afeta o comportamento, mas ainda são necessários mais estudos. “Muitas pesquisas foram realizadas, e os resultados são animadores, sendo até provável que, no futuro, existam terapias baseadas na mudança da biota intestinal.
Enquanto essas formas exclusivas de tratamento não estão disponíveis, é possível investigar e alterar o estado da biota de pacientes com alterações de comportamento, incluindo mudanças alimentares que facilitem o crescimento de micróbios saudáveis”, finaliza.
Texto mencionado em:
O Globo https://glo.bo/3a6E5lx
Agência Estado https://bit.ly/3dXeBIv
Portal Terra https://bit.ly/327Qwt5
Mundo do Marketing https://bit.ly/3g8AZRU
Comunique-se https://bit.ly/3a1H6DK
Cérebro humano: é possível compará-lo a um computador?

Cérebro humano: é possível compará-lo a um computador?
Para o médico psiquiatra Cyro Masci, o cérebro humano é como um computador, sendo que sua programação soluciona muitos problemas mas pode levar a reações e decisões equivocadas

Segundo dados do Mental Health Index, organização que monitora a saúde mental em alguns países, a pandemia reduziu a capacidade de manter a atenção em 33%, enquanto o risco de desenvolver ansiedade generalizada aumentou em 30%.
Segundo o médico psiquiatra Cyro Masci “essas alterações podem ser melhor compreendidas se soubermos que nosso cérebro processa informações com rotinas similares a um computador, e que esses verdadeiros algoritmos podem conter rotinas desatualizadas para nossas necessidades atuais.”
Para Cyro Masci, o cérebro pode ser comparado a um computador, não na sua estrutura física, mas sim quanto a rotinas de programação. Segundo o médico, a capacidade de o cérebro processar informações é muito extensa, e é realizada de modo muito semelhante ao processo de decisão por algoritmos, rotinas que geram respostas padronizadas, inclusive emocionais.
Segundo Masci, assim como um computador pode conter erros de programação, ou rotinas que estejam desatualizadas para as necessidades de processamento, o cérebro humano também pode realizar interpretações equivocadas. De acordo com Masci, “trazemos na nossa memória fisiológica rotinas cerebrais muito antigas que eventualmente falham diante de desafios contemporâneos”.
Reação de Emergência
Segundo o psiquiatra, “várias dessas rotinas, que nem sempre estão à altura dos desafios atuais, estão armazenadas em áreas do cérebro dedicadas à nossa sobrevivência biológica em situações de risco de integridade física”.
Cyro Masci exemplifica o funcionamento dessas regiões com uma experiência comum: “se você estiver atravessando uma rua e ouvir o guinchado de um pneu cantando, não vai ficar pensando muito, provavelmente vai se sentir assustado e sair da rua o mais rápido que puder, de maneira automática e instintiva”, completa.
Segundo Masci, “o problema é que esse sistema de respostas a emergências é extremamente eficiente para situações de risco físico, mas muito pouco ou nada eficiente nas dificuldades que nos ameaçam de outras maneiras, como problemas no trabalho, uma discussão doméstica, negociar com um cliente ou dificuldades de relacionamento com pessoas. Ou situações novas, como as mudanças no trabalho e inseguranças relacionadas à pandemia. A programação no cérebro, armazenada na nossa memória fisiológica, não possui rotinas automatizadas adequadas para enfrentar ameaças e riscos que não sejam de dano físico imediato”.
Felizmente existe escapatória para essa armadilha, já que “é possível modificar esse algoritmo de emergência, modulando o cérebro, por exemplo, com auxílio de fármacos adequados, o que inclui fitoterápicos e nutrientes apropriados”, afirma o médico.
Cyro Masci relata que “esse descompasso entre reações automatizadas que são apropriadas para perigos físicos, mas pouco ou nada úteis diante de ameaças contemporâneas, seja de relacionamento interpessoal ou emocionais, pode contribuir de modo decisivo para o desencadeamento de transtornos psiquiátricos”, concluindo que modular as interpretações e reações do cérebro é uma medida imprescindível para quem deseja possuir uma boa saúde mental.
Cyro Masci é médico psiquiatra em São Paulo, atua com abordagem médica conciliando a medicina tradicional com várias práticas não convencionais.
A Pesquisa Nacional Chinesa sobre Sintomatologia da Depressão, realizada com 3.256 pacientes locais que sofrem de transtorno depressivo, revelou que mais de 70% dos participantes apresentaram sintomas gastrointestinais. Além disso, foi possível encontrar relação entre a gravidade dos problemas do trato gástrico e intestinal e nível de depressão.
Segundo o médico psiquiatra Cyro Masci, “a microbiota intestinal, nome técnico para os micróbios que habitam nosso intestino, pode exercer grande influência no cérebro e, assim, modular emoções e comportamentos”. De acordo com o especialista, essa é mais uma pesquisa que mostra a importância da conexão entre intestino e cérebro na psiquiatria.
Barreira de defesa
Masci exemplifica o modo como os micróbios intestinais afetam o comportamento por uma linha de pesquisas já realizadas. Segundo o psiquiatra, essas pesquisas foram facilitadas ao se estudar camundongos criados livres de germes, que depois receberam micróbios de outro sistema gastrointestinal – em geral de indivíduos que sofrem de algumas doenças. “Por exemplo, camundongos não ansiosos, que receberam germes intestinais de ratos que tinham traços de ansiedade, passaram a exibir comportamento ansioso”, diz o médico.
E as mudanças não são apenas no comportamento. “Camundongos criados livres de germes no intestino e que receberam micróbios de pessoas com doença de Parkinson, passaram a apresentar alguns dos sintomas motores típicos dessa enfermidade”, acrescenta Cyro Masci.
Para o médico, o modo como as várias mudanças na biota intestinal afetam o cérebro e o comportamento humano ainda é objeto de estudos, mas existem algumas possíveis explicações. “Talvez substâncias químicas que esses micróbios liberam tenham a capacidade de atravessar a barreira de defesa do cérebro e modificar o modo de funcionamento das células nervosas”, afirmou.
Além disso, provavelmente, a ação química não é a única responsável por essas alterações. Segundo Masci, “os micróbios intestinais conseguem modificar a atividade da inervação do sistema gastrointestinal e, desse modo, levar informações por via elétrica ao cérebro”.
Por fim, Cyro Masci conclui que, nos últimos anos, foram realizados vários progressos no conhecimento de como a biota intestinal afeta o comportamento, mas ainda são necessários mais estudos. “Muitas pesquisas foram realizadas, e os resultados são animadores, sendo até provável que, no futuro, existam terapias baseadas na mudança da biota intestinal.
Enquanto essas formas exclusivas de tratamento não estão disponíveis, é possível investigar e alterar o estado da biota de pacientes com alterações de comportamento, incluindo mudanças alimentares que facilitem o crescimento de micróbios saudáveis”, finaliza.
Texto mencionado em:
O Globo https://glo.bo/3a6E5lx
Agência Estado https://bit.ly/3dXeBIv
Portal Terra https://bit.ly/327Qwt5
Mundo do Marketing https://bit.ly/3g8AZRU
Comunique-se https://bit.ly/3a1H6DK