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Ansiedade de alta performance: como e por que a pressão de sempre ser o melhor pode favorecer transtornos psiquiátricos

Ansiedade de alta performance: como e por que a pressão de sempre ser o melhor pode favorecer transtornos psiquiátricos

A busca incessante por alta performance é um fenômeno cada vez mais presente na sociedade moderna, especialmente em ambientes profissionais e acadêmicos. A pressão por ser o melhor, alcançar sempre o próximo objetivo e superar constantemente os próprios limites pode parecer um impulso positivo para o sucesso, mas, ao longo do tempo, esse estado de alerta e cobrança contínua pode cobrar um alto preço à saúde mental. A ansiedade de alta performance é um termo que descreve essa tensão persistente por excelência e a ansiedade gerada pela autoexigência exacerbada, capaz de desencadear ou agravar transtornos psiquiátricos. Esse fenômeno pode ser compreendido sob três perspectivas principais: biológica, psíquica e social.

A perspectiva biológica: sobrecarga, cortisol e o “gene guerreiro”

Do ponto de vista biológico, a pressão constante por alta performance coloca o corpo em um estado de alerta permanente, gerando uma sobrecarga que afeta o sistema nervoso e o funcionamento hormonal. Esse estresse contínuo leva à ativação crônica do Sistema de Resposta a Ameaças, que desencadeia a liberação de cortisol — conhecido como o “hormônio do estresse” — em níveis elevados e por longos períodos. O corpo humano, porém, não está adaptado para suportar altos níveis de cortisol sem consequências. Quando o cortisol permanece elevado, o organismo entra em um estado de desgaste, afetando negativamente o sistema imunológico, prejudicando a função cerebral e alterando o humor.

Um componente genético relevante é a presença do chamado “gene guerreiro”, uma variação genética associada a uma resposta ao estresse mais intensa e uma tendência ao comportamento competitivo e impulsivo. Nos portadores desse gene, a dopamina — neurotransmissor associado ao prazer e à recompensa — degrada-se e desaparece do organismo mais rapidamente do que em pessoas sem essa variante. Essa rápida degradação da dopamina leva esses indivíduos a desejar estímulos crescentes para manter a sensação de satisfação e motivação, o que pode aumentar a necessidade de se desafiar continuamente. Embora o “gene guerreiro” possa impulsionar a resiliência e a busca por alta performance em contextos desafiadores, ele também contribui para uma vulnerabilidade a transtornos de ansiedade e de humor, especialmente em ambientes de intensa autoexigência.

Além disso, o circuito do prazer, ou sistema de recompensa, desempenha um papel central na perpetuação da ansiedade de alta performance. Esse sistema libera dopamina em resposta a conquistas e realizações, criando uma sensação momentânea de prazer. Porém, quando uma pessoa se torna dependente de estímulos constantes para ativar esse circuito, há uma necessidade crescente de novas conquistas para sentir satisfação. O ciclo contínuo de busca por recompensas, somado à rápida degradação da dopamina nos portadores do gene guerreiro, alimenta a dependência por altos níveis de performance, o que pode levar a um ciclo de estresse e esgotamento que favorece o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos, como ansiedade crônica e burnout.

A perspectiva psíquica: perfeccionismo, autocobrança e medo do fracasso

Do ponto de vista psíquico, a ansiedade de alta performance se manifesta principalmente por meio de perfeccionismo extremo, autocobrança elevada e medo constante do fracasso. Pessoas com ansiedade de alta performance sentem que precisam atingir o máximo de seu potencial em todos os aspectos de suas vidas, o que pode ser desgastante. Esse nível de autoexigência cria uma espécie de “juiz interno” que critica e pune ao menor deslize, gerando uma sensação constante de inadequação, mesmo diante de sucessos.

Essa necessidade de perfeição ativa uma mentalidade de “tudo ou nada”, onde qualquer erro é visto como uma ameaça à identidade da pessoa como alguém competente e bem-sucedido. Essa visão distorcida é prejudicial, pois alimenta uma ansiedade intensa, baseada no medo de que qualquer erro comprometa a imagem de excelência que a pessoa se esforça para manter. No longo prazo, essa pressão psicológica eleva a sensibilidade ao estresse e aumenta a predisposição a transtornos de ansiedade, depressão e até quadros de esgotamento emocional.

Em muitos casos, a busca pela alta performance também está associada à dificuldade de relaxar e “desligar”. É comum que pessoas com ansiedade de alta performance estejam sempre pensando em sua próxima meta, o que impede o cérebro de descansar e se recuperar. Esse estado contínuo de alerta mental cria um ciclo vicioso de tensão e desgaste, que esgota os recursos emocionais e enfraquece a resiliência.

A perspectiva social: pressão externa, competição e validação

Socialmente, vivemos em uma era que valoriza e incentiva a alta performance, especialmente em ambientes profissionais e acadêmicos. A sociedade premia a produtividade e a competitividade, e muitas pessoas internalizam essas expectativas como um “mandato” para provar constantemente seu valor. Redes sociais e ambientes de trabalho altamente competitivos reforçam essa pressão, com comparações constantes e métricas de desempenho que incentivam a autocrítica e a comparação com os outros.

Essa pressão social não apenas reforça a autoexigência, mas também gera a necessidade de validação externa. O valor pessoal começa a ser medido pelos resultados e pela produtividade, criando um ciclo onde o reconhecimento dos outros se torna o principal combustível emocional. O problema surge quando a pessoa perde a noção de valor próprio e passa a depender exclusivamente do sucesso e da aprovação social para se sentir bem consigo mesma. Essa busca incessante por validação cria uma fragilidade emocional, tornando a pessoa vulnerável à ansiedade e a sentimentos de frustração e insuficiência.

Para muitos, a sensação de nunca ser “suficiente” leva a um comportamento de “supercompensação”, onde a pessoa se sobrecarrega com metas cada vez maiores. Esse comportamento reflete a pressão social para se destacar e atender às expectativas externas, o que aumenta o risco de exaustão emocional e burnout.

Cuidando da saúde mental na busca por alta performance

A ansiedade de alta performance é um fenômeno complexo que envolve fatores biológicos, psíquicos e sociais. No entanto, é possível buscar um equilíbrio entre desempenho e bem-estar.

Do ponto de vista biológico, práticas de relaxamento, exercícios físicos e um sono adequado ajudam a regular os níveis de cortisol e dopamina, promovendo a recuperação do organismo e permitindo que o sistema de recompensa funcione de forma equilibrada. Uma medicação apropriada pode ser indicada para auxiliar na regulação dos neurotransmissores e reduzir a intensidade da ansiedade, facilitando o restabelecimento de uma rotina de saúde.

Cuidar da saúde mental não significa renunciar à alta performance, mas sim buscar um estado de equilíbrio, onde o desejo de se superar esteja alinhado ao bem-estar físico e emocional. Afinal, o verdadeiro sucesso está em conquistar metas sem sacrificar a saúde, construindo uma vida onde a excelência seja resultado de uma mente e corpo em harmonia.

Dr Cyro Masci - autor 1
Autor: Dr. Cyro Masci
CREMESP 39126
Psiquiatra RQE CFM 9738
Psiquiatria Integrativa

Ansiedade de alta performance: como e por que a pressão de sempre ser o melhor pode favorecer transtornos psiquiátricos

Ansiedade de alta performance: como e por que a pressão de sempre ser o melhor pode favorecer transtornos psiquiátricos

A busca incessante por alta performance é um fenômeno cada vez mais presente na sociedade moderna, especialmente em ambientes profissionais e acadêmicos. A pressão por ser o melhor, alcançar sempre o próximo objetivo e superar constantemente os próprios limites pode parecer um impulso positivo para o sucesso, mas, ao longo do tempo, esse estado de alerta e cobrança contínua pode cobrar um alto preço à saúde mental. A ansiedade de alta performance é um termo que descreve essa tensão persistente por excelência e a ansiedade gerada pela autoexigência exacerbada, capaz de desencadear ou agravar transtornos psiquiátricos. Esse fenômeno pode ser compreendido sob três perspectivas principais: biológica, psíquica e social.

A perspectiva biológica: sobrecarga, cortisol e o “gene guerreiro”

Do ponto de vista biológico, a pressão constante por alta performance coloca o corpo em um estado de alerta permanente, gerando uma sobrecarga que afeta o sistema nervoso e o funcionamento hormonal. Esse estresse contínuo leva à ativação crônica do Sistema de Resposta a Ameaças, que desencadeia a liberação de cortisol — conhecido como o “hormônio do estresse” — em níveis elevados e por longos períodos. O corpo humano, porém, não está adaptado para suportar altos níveis de cortisol sem consequências. Quando o cortisol permanece elevado, o organismo entra em um estado de desgaste, afetando negativamente o sistema imunológico, prejudicando a função cerebral e alterando o humor.

Um componente genético relevante é a presença do chamado “gene guerreiro”, uma variação genética associada a uma resposta ao estresse mais intensa e uma tendência ao comportamento competitivo e impulsivo. Nos portadores desse gene, a dopamina — neurotransmissor associado ao prazer e à recompensa — degrada-se e desaparece do organismo mais rapidamente do que em pessoas sem essa variante. Essa rápida degradação da dopamina leva esses indivíduos a desejar estímulos crescentes para manter a sensação de satisfação e motivação, o que pode aumentar a necessidade de se desafiar continuamente. Embora o “gene guerreiro” possa impulsionar a resiliência e a busca por alta performance em contextos desafiadores, ele também contribui para uma vulnerabilidade a transtornos de ansiedade e de humor, especialmente em ambientes de intensa autoexigência.

Além disso, o circuito do prazer, ou sistema de recompensa, desempenha um papel central na perpetuação da ansiedade de alta performance. Esse sistema libera dopamina em resposta a conquistas e realizações, criando uma sensação momentânea de prazer. Porém, quando uma pessoa se torna dependente de estímulos constantes para ativar esse circuito, há uma necessidade crescente de novas conquistas para sentir satisfação. O ciclo contínuo de busca por recompensas, somado à rápida degradação da dopamina nos portadores do gene guerreiro, alimenta a dependência por altos níveis de performance, o que pode levar a um ciclo de estresse e esgotamento que favorece o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos, como ansiedade crônica e burnout.

A perspectiva psíquica: perfeccionismo, autocobrança e medo do fracasso

Do ponto de vista psíquico, a ansiedade de alta performance se manifesta principalmente por meio de perfeccionismo extremo, autocobrança elevada e medo constante do fracasso. Pessoas com ansiedade de alta performance sentem que precisam atingir o máximo de seu potencial em todos os aspectos de suas vidas, o que pode ser desgastante. Esse nível de autoexigência cria uma espécie de “juiz interno” que critica e pune ao menor deslize, gerando uma sensação constante de inadequação, mesmo diante de sucessos.

Essa necessidade de perfeição ativa uma mentalidade de “tudo ou nada”, onde qualquer erro é visto como uma ameaça à identidade da pessoa como alguém competente e bem-sucedido. Essa visão distorcida é prejudicial, pois alimenta uma ansiedade intensa, baseada no medo de que qualquer erro comprometa a imagem de excelência que a pessoa se esforça para manter. No longo prazo, essa pressão psicológica eleva a sensibilidade ao estresse e aumenta a predisposição a transtornos de ansiedade, depressão e até quadros de esgotamento emocional.

Em muitos casos, a busca pela alta performance também está associada à dificuldade de relaxar e “desligar”. É comum que pessoas com ansiedade de alta performance estejam sempre pensando em sua próxima meta, o que impede o cérebro de descansar e se recuperar. Esse estado contínuo de alerta mental cria um ciclo vicioso de tensão e desgaste, que esgota os recursos emocionais e enfraquece a resiliência.

A perspectiva social: pressão externa, competição e validação

Socialmente, vivemos em uma era que valoriza e incentiva a alta performance, especialmente em ambientes profissionais e acadêmicos. A sociedade premia a produtividade e a competitividade, e muitas pessoas internalizam essas expectativas como um “mandato” para provar constantemente seu valor. Redes sociais e ambientes de trabalho altamente competitivos reforçam essa pressão, com comparações constantes e métricas de desempenho que incentivam a autocrítica e a comparação com os outros.

Essa pressão social não apenas reforça a autoexigência, mas também gera a necessidade de validação externa. O valor pessoal começa a ser medido pelos resultados e pela produtividade, criando um ciclo onde o reconhecimento dos outros se torna o principal combustível emocional. O problema surge quando a pessoa perde a noção de valor próprio e passa a depender exclusivamente do sucesso e da aprovação social para se sentir bem consigo mesma. Essa busca incessante por validação cria uma fragilidade emocional, tornando a pessoa vulnerável à ansiedade e a sentimentos de frustração e insuficiência.

Para muitos, a sensação de nunca ser “suficiente” leva a um comportamento de “supercompensação”, onde a pessoa se sobrecarrega com metas cada vez maiores. Esse comportamento reflete a pressão social para se destacar e atender às expectativas externas, o que aumenta o risco de exaustão emocional e burnout.

Cuidando da saúde mental na busca por alta performance

A ansiedade de alta performance é um fenômeno complexo que envolve fatores biológicos, psíquicos e sociais. No entanto, é possível buscar um equilíbrio entre desempenho e bem-estar.

Do ponto de vista biológico, práticas de relaxamento, exercícios físicos e um sono adequado ajudam a regular os níveis de cortisol e dopamina, promovendo a recuperação do organismo e permitindo que o sistema de recompensa funcione de forma equilibrada. Uma medicação apropriada pode ser indicada para auxiliar na regulação dos neurotransmissores e reduzir a intensidade da ansiedade, facilitando o restabelecimento de uma rotina de saúde.

Cuidar da saúde mental não significa renunciar à alta performance, mas sim buscar um estado de equilíbrio, onde o desejo de se superar esteja alinhado ao bem-estar físico e emocional. Afinal, o verdadeiro sucesso está em conquistar metas sem sacrificar a saúde, construindo uma vida onde a excelência seja resultado de uma mente e corpo em harmonia.

Dr Cyro Masci - autor 1
Autor: Dr. Cyro Masci
CREMESP 39126
Psiquiatra RQE CFM 9738

Dr. Cyro Masci
CREMESP 39126
Psiquiatra RQE CFM 9738

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