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Síndrome de Burnout

O Esgotamento Profissional

Introdução ao Burnout

A expressão Burnout vem do inglês e significa algo como “queimado, esgotado, em combustão completa”. É uma forma de exaustão severa que afeta diversos aspectos pessoais, sempre relacionada ao trabalho..

O Burnout, em resumo, é o resultado de diversos tipos de sobrecarga no ambiente de trabalho. Essa é uma distinção importante, o Burnout é, por definição, sempre relacionado ao trabalho. Existem outras formas de exaustão que não estão ligadas à atividade laboral e portanto não podem ser denominadas de Burnout.

As sobrecargas que resultam em Burnout podem ter origem no tipo de ambiente de trabalho e também relacionadas às características da pessoa que sofre do problema.

Neste guia, o foco será nas características pessoais, e não nas peculiaridades do ambiente de trabalho.

Sintomas de Burnout em resumo

Fadiga avassaladora e perda de energia. Tais sintomas podem estar ligados diretamente à síndrome de Burnout. O termo foi descrito em 1970 como uma condição de exaustão relacionada ao trabalho ou esgotamento profissional, mas apenas em 2022 a Organização Mundial da Saúde o reconheceu como doença.

Essa fadiga pode ser indicativa de Síndrome de Burnout, termo que pode ser traduzido literalmente como “queima” ou “combustão total”. O quadro inclui, além da exaustão física e emocional, sintomas de irritabilidade e cinismo, assim como redução significativa no senso de realização pessoal ou de eficácia no trabalho.

A Síndrome de Burnout muitas vezes se instala sem a percepção clara de quem está sendo acometido. Um dos motivos para isso é que esse quadro é bastante comum em pessoas perfeccionistas e que empenham muita energia no trabalho. Quando a Síndrome de Burnout tem início, os primeiros sintomas podem ser apenas queda na sua produtividade, que tende a ser acompanhada de mais empenho no trabalho.

Entretanto, esse aumento de energia com foco na atividade laboral pode trazer um “efeito rebote”. Com a presença do cansaço, o resultado será ainda mais queda na produtividade, que, por sua vez, gera mais frustração. Desse modo um ciclo vicioso é fechado e, sem que exista consciência dele, dificilmente a pessoa consegue escapar.

Burnout pode estar se tornando endêmico

Embora não existam pesquisas definitivas sobre o número de acometidos, é possível estimar que algo em torno de 30% da população adulta e que trabalha sofra de Síndrome de Burnout. Isso se forem consideradas também as fases iniciais do problema.

Um estudo encomendado pela Microsoft, e realizado pela empresa de análises Harris, em 2020, constatou que, entre 6 mil pessoas entrevistadas em 8 países, os brasileiros foram os que mais relataram fadiga e exaustão durante a pandemia: 44% dos respondentes declararam que são atingidos pelo problema.

O número é alarmante e se acentua quando contraposto com a população de outros países:
Singapura, que ocupa o segundo lugar do ranking, apresentou 37% dos respondentes no cenário. Na sequência, vem os Estados Unidos, com 31%; Índia, com 29% e Austrália, com 28%.

Estudos divulgados recentemente, como o realizado pelo instituto Kantar Inclusion Index, feito com 18 mil funcionários de 14 países, inclusive o Brasil, revelou que 29% dizem sentir sintomas ligados ao problema, como fadiga avassaladora ou perda de energia.

Um artigo de revisão publicado na Revista Brasileira de Medicina do Trabalho em 2015 concluiu que o Burnout afeta entre 40% a 60 % dos trabalhadores avaliados entre 2005 e 2015.

Em 2016, a Escola de Economia de Londres apresentou um estudo sobre a depressão no trabalho. Segundo essa pesquisa, o Brasil perde US$ 63,3 bilhões por ano devido ao afastamento do trabalho por questões de estresse e depressão, o que nos coloca no segundo lugar no ranking mundial, atrás apenas dos Estados Unidos.

Além das perdas financeiras, o grande sofrimento de quem padece da síndrome de Burnout leva à necessidade de conhecer os principais sinais e sintomas.

Quanto mais precoce a busca para tratamento especializado, melhores as chances de recuperação.

Sintomas da Síndrome de Burnout

Os sintomas de Burnout são apoiados em 3 grandes grupos:

1) Exaustão Física e Emocional

Há um esgotamento físico e mental, a sensação é de não conseguir se recuperar nas horas de folga. Este é, sem dúvida, o sintoma mais comum de Burnout. 

2) Despersonalização

Uma atitude negativa, insensível e cínica em relação ao trabalho, colaboradores e clientes é comum. O principal sinal é o cinismo e o sarcasmo.

3) Senso Reduzido de Realização Pessoal

O trabalho passa a ser visto e sentido de forma negativa, sem sentido ou valor, além de uma visão pessoal de incompetência.

O questionário padronizado que mede o Burnout é chamado de Maslach Burnout Inventory (MBI). A própria criadora, Christina Maslach, descreve a experiência de esgotamento usando a linguagem abaixo:

” … uma erosão da alma
causada por uma deterioração de seus valores,
dignidade, espírito e vontade”.

Auto avaliação do Burnout

Exaustão no Burnout.

  • Existe grande cansaço, fadiga, exaustão ou esgotamento, como se suas energias tivessem sido sugadas? Enorme cansaço e exaustão emocional?
  • Esse cansaço é persistente e prejudica as funções do dia a dia?
  • Os sintomas pioram após esforço físico, mental ou emocional?
  • O sono não é reparador, a fadiga persiste mesmo após uma boa noite de sono?
  • Está sendo necessário aumentar o esforço para tentar manter o mesmo nível de ânimo e força que tinha anteriormente?

Um dos principais sintomas é o de grande cansaço e exaustão emocional, que parecem não melhorar com repouso habitual.

O cansaço físico é sentido e pode ser reconhecido como falta de energia para realizar as atividades profissionais e do dia a dia, com a característica de que não melhora após medidas de repouso habitual, como uma boa noite de sono ou um final de semana sem preocupações. Já o cansaço mental costuma ser referido como um estado de exaustão emocional. É como se a pessoa tivesse as energias drenadas, sugadas, restando pouca força, esperança ou motivação para domar o próprio destino.

Ocorre também necessidade de maior esforço para realizar as atividades profissionais, com dificuldade para permanecer engajado no trabalho.

A exaustão emocional, que é um estado de sentir-se drenado nas energias, sem força, motivação ou esperança de tomar as rédeas da própria vida e seguir em frente, é frequente.

Irritabilidade e sarcasmo no Burnout.

  • Existe aumento da irritabilidade, com postura cínica e sarcástica que, ou não existia antes, ou aumentou nos últimos tempos?

Outro sintoma importante a ser observado é a irritabilidade por pequenos motivos, além de cinismo e sarcasmo.

Esses sintomas traduzem uma reação automática do cérebro, que adota uma postura de reduzir situações que estão favorecendo a sobrecarga. Uma pessoa ponderada pode, por exemplo, passar a apresentar reações ‘de pavio curto’. Esse é um modo do cérebro afastar o excesso de acontecimentos e circunstâncias que estão temporariamente acima da capacidade de enfrentamento.

Perda do foco e concentração. Comprometimento da memória ou clareza nas decisões no Burnout.

Esse sintoma de Síndrome de Burnout pode se revelar ao se gerenciar várias tarefas, ou ainda apenas quando a pessoa enfrenta aumento na pressão, por exemplo, diante de expectativas crescentes no desempenho.

Dependendo do grau e da extensão do Burnout, pode ocorrer comprometimento de funções executivas do cérebro, como memória ou capacidade de tomada de decisões.

Queda na motivação no Burnout.

O que antes eram situações desafiantes tornam-se problemas chatos, irritantes e sem sentido. Há uma queda no prazer que o trabalho oferecia. É comum, por exemplo, a experiência de sentir grande desânimo aos domingos, e não se trata da melancolia por acabar o dia de repouso. O motivo principal, e muitas vezes oculto, é a preocupação ou temor de enfrentar uma nova semana de trabalho.

Mudança nos hábitos de sono no Burnout.

A Síndrome de Burnout pode afetar o sono de duas maneiras. Uma é a dificuldade em adormecer devido à preocupação sobre as necessidades do trabalho no dia seguinte. E o cansaço pode ser tanto que o acometido procura a cama tão logo chegue em casa. A exaustão também torna muitas vezes difícil levantar da cama e encarar mais um dia de trabalho.

Dores e mal-estar no Burnout.

Pesquisas recentes indicam que muitas queixas corporais podem estar relacionadas à Síndrome de Burnout, como dores de cabeça, no estômago ou desarranjo intestinal. Pode ocorrer ainda mudança na pressão arterial ou desencadeamento de doenças como diabetes.

Perda ou redução no prazer no trabalho no Burnout.

Qualquer pessoa envolvida com um trabalho que considere gratificante, realizador, sente satisfação quando metas são atingidas, quando soluções são encontradas, celebrando e sendo cumprimentado pelo bom trabalho. A Síndrome de Burnout solapa o senso de realização pessoal, e quem sofre seus efeitos pode sentir-se insatisfeito, infeliz mesmo, apesar do sucesso.

Queda na produtividade no Burnout.

A capacidade de realizar o trabalho cai muito, ou exige um enorme esforço para manter a mesma capacidade que tinha antes da Síndrome de Burnout se instalar. E, para complicar, muitas pessoas nesse estado tentam superar o problema trabalhando mais duro, mais horas, com mais afinco, o que só aumenta a sobrecarga e piora a Síndrome de Burnout.

Há um sentimento de tristeza ou desesperança sem motivos concretos para tanto?

São comuns sentimentos de tristeza e desesperança, ainda que a níveis discretos.

Burnout em mulheres

As mulheres parecem ser mais suscetíveis à Síndrome de Burnout, segundo trabalho realizado na Universidade de Montreal, no Canadá e publicado no Annals of Work Exposures and Health em 2018.

Uma diferença é na ordem de aparecimento dos sintomas Enquanto os homens tendem a apresentar sintomas como irritabilidade ou cinismo como primeira manifestação da Síndrome de Burnout, as mulheres, por sua vez, apresentam sintomas de fadiga extrema logo no início do quadro. Mas, mesmo que a ordem de aparecimento seja diferente entre os gêneros, o cansaço físico e emocional sempre faz parte da Síndrome de Burnout.

Mulheres também parecem sofrer mais com o problema, e o motivo provável é que estão sujeitas a condições diferentes de trabalho quando comparadas com os homens. Por exemplo, nas situações em que são alçadas a posições que exigem tomada de decisão, mas com menos poder de agir efetivamente, de utilizar suas habilidades e talentos para modificar os acontecimentos. Em outras palavras, com grande responsabilidade sobre os resultados mas menor autonomia de decisão.

Sugestão de Medidas para Aliviar a Síndrome de Burnout

Sugestões para dificultar o desenvolvimento da Síndrome de Burnout e do cansaço excessivo, e também atenuar os sintomas se a fadiga já estiver instalada.

1. Primeiro o mais importante

Quem entra num avião, sempre ouve as mesmas orientações de segurança. Uma delas é que, se ocorrer queda da pressão na cabine, irão cair máscaras de oxigênio. E que se deve, em primeiro lugar, colocar a própria máscara, e somente depois auxiliar quem está próximo.
O mesmo ocorre com a síndrome Burnout. Ninguém pode dar o que não tem, é inútil tentar liderar, cuidar ou orientar quem quer que seja nesse estado.
Não é motivo de vergonha dar prioridade ao cuidado pessoal antes de se dedicar ao trabalho e às outras pessoas.

2. Proporcionar pausas ao cérebro

Um copo de água misturado com barro não vai ficar menos turvo se for agitado, pelo contrário, é necessário deixá-lo em repouso por algum tempo.
É exatamente isso que acontece com o cérebro sobrecarregado. E o método mais bem estudado para essa recuperação é a meditação do tipo Mindfulness.
Existem várias estratégias utilizadas nessa prática, todas têm em comum a capacidade de aumentar a atenção, a intenção e a consciência. Vale a pena inteirar-se desse método e praticar.

3. Usar o cérebro de modo inteligente

O cérebro humano passa a maior parte do tempo trabalhando com rotinas automáticas, verdadeiros algoritmos de julgamento e decisão formados com o tempo.
Esse é um processo útil para economizar energia na resolução de problemas rotineiros. No entanto, sob os efeitos da síndrome de Burnout, essa capacidade cai muito.
É inteligente dar pausas frequentes no trabalho para o cérebro recuperar-se, e nessas pausas realizar algum exercício de relaxamento e respirar algumas vezes de modo mais profundo.

4. Alimente o cérebro com fatos positivos

Outra estratégia interessante é alimentar o cérebro com fatos positivos, como lembrar propositalmente três coisas boas que aconteceram na vida.
Trata-se de um hábito fácil de ser implantado e que algumas pesquisas já demonstraram ser muito eficaz.

5. Restaurar o corpo e a mente.

Nenhum motor de carro aguenta andar na rotação máxima por muitas horas. O mesmo ocorre com as pessoas. Finais de semana com lazer, férias periódicas e um horário de descanso diário são imprescindíveis.
A sugestão para não permitir que o tempo de restauração ‘escoe pelos dedos’ é programar com antecedência o que irá ser feito para relaxar e distrair-se, anotar na agenda se necessário, e cumprir como um compromisso inadiável.

6. Cuide da saúde do corpo

Além dos exames preventivos anuais, que têm por objetivo maior realizar diagnóstico de enfermidades precocemente, é fundamental checar se há ingestão de líquidos em quantidade suficiente, se a alimentação está saudável e equilibrada, se pratica atividade física, além de cuidar bem do local onde se passa entre um quarto e um terço da vida, que é o dormitório.

7. Qualidade do sono

É possível facilitar o sono reduzindo estímulos luminosos, especialmente de celular ou tablete.
É importante também criar uma rotina diária, pois o cérebro humano pode ser treinado a associar um determinado horário com o adormecimento.

8. E se nada disso parece funcionar?

Se nada disso parece surtir os efeitos desejados, se a exaustão parece não ter fim, é necessário esclarecer se a fadiga não têm origem em alguma doença ou se a síndrome de Burnout já se instalou. Neste caso, exige-se abordagem especializada. O tratamento deve incluir tanto as alterações biológicas no corpo, especialmente no cérebro, quanto as facetas sociais e emocionais.

Quando buscar ajuda para o Burnout?

Embora a síndrome de Burnout seja uma enfermidade relacionada ao trabalho, é preciso diferenciar a exaustão que acontece por causa do trabalho da fadiga que pode acontecer no ambiente de trabalho, sem que a atividade seja, necessariamente, a causa principal.

Independentemente da origem, a exaustão não deve ser atribuída como uma consequência óbvia ao estresse. A partir da instalação da Síndrome de Burnout, ocorre comprometimento de vários sistemas de autorregulação do organismo que exigem auxílio externo.

Estresse não é o mesmo que esgotamento profissional, e se há suspeita de Síndrome de Burnout, é hora de procurar profissionais especializados para diagnosticá-lo corretamente e indicar tratamentos que devem ir além dos sintomas, abarcando os diversos fatores que dão origem ao problema.

Informações sobre atendimento

Acreditamos que cada indivíduo é único na interação entre corpo, mente e ambiente, e que a saúde vai além da ausência de doença, representando um estado de completo bem-estar físico, mental e social.

Com essa perspectiva, buscamos desenvolver um plano de tratamento personalizado, atendendo às necessidades específicas de cada pessoa.

Para informações e marcações de consulta, clique aqui para entrar em contato pelo whatsapp, ou ligue por voz para (11) 5041-0996.

Sobre o Dr Cyro Masci, clique aqui


Fadiga Crônica e Burnout.
Reportagem do Globo Repórter em que Dr. Cyro Masci participa como entrevistado.

Síndrome de Burnout virou doença ocupacional. O que muda?

A partir de janeiro de 2022 o Burnout passou a ser considerado uma doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde. As implicações dessa inclusão são o assunto da entrevista que o médico psiquiatra Cyro Masci realizou no RDTv

Burnout: o que é e qual a importância na vida de cada um

A Organização Mundial da Saúde incluiu o Burnout no Código Internacional de Doenças, a partir daí, no mundo todo, o Burnout passa a ser uma enfermidade bem caracterizada e específica, sempre relacionada ao trabalho. Neste podcast, o psiquiatra Cyro Masci é entrevistado pela jornalista Rosângela Espinossi sobre as características e a importância do diagnóstico e tratamento adequado para o Burnout.

Fadiga das reuniões virtuais

As reuniões e aulas virtuais tornaram-se rotinas, o que levou a alterações significativas no trabalho, inclusive facilitando o Burnout. Entrevista realizada no Repórter Diário TV aponta diversas dificuldades e sugere soluções para esse “novo normal”.

Podcast com Dr Cyro Masci sobre Burnout no Spotify:

Burnout: esgotamento físico e mental https://spoti.fi/3DPjSyf

Burnout: como reconhecer? https://spoti.fi/3uhmBxq

Fadiga, Burnout e Esgotamento https://spoti.fi/3JfVy9Z

Burnout: o que é e qual a importância na vida de cada um https://spoti.fi/3LOm4sE

Dr Cyro Masci - autor 1
Autor: Dr. Cyro Masci
CREMESP 39126
Psiquiatra RQE CFM 9738
Psiquiatria Integrativa

Síndrome de Burnout

O Esgotamento Profissional

Introdução ao Burnout

A expressão Burnout vem do inglês e significa algo como “queimado, esgotado, em combustão completa”. É uma forma de exaustão severa que afeta diversos aspectos pessoais, sempre relacionada ao trabalho..

O Burnout, em resumo, é o resultado de diversos tipos de sobrecarga no ambiente de trabalho. Essa é uma distinção importante, o Burnout é, por definição, sempre relacionado ao trabalho. Existem outras formas de exaustão que não estão ligadas à atividade laboral e portanto não podem ser denominadas de Burnout.

As sobrecargas que resultam em Burnout podem ter origem no tipo de ambiente de trabalho e também relacionadas às características da pessoa que sofre do problema.

Neste guia, o foco será nas características pessoais, e não nas peculiaridades do ambiente de trabalho.

Sintomas de Burnout em resumo

Fadiga avassaladora e perda de energia. Tais sintomas podem estar ligados diretamente à síndrome de Burnout. O termo foi descrito em 1970 como uma condição de exaustão relacionada ao trabalho ou esgotamento profissional, mas apenas em 2022 a Organização Mundial da Saúde o reconheceu como doença.

Essa fadiga pode ser indicativa de Síndrome de Burnout, termo que pode ser traduzido literalmente como “queima” ou “combustão total”. O quadro inclui, além da exaustão física e emocional, sintomas de irritabilidade e cinismo, assim como redução significativa no senso de realização pessoal ou de eficácia no trabalho.

A Síndrome de Burnout muitas vezes se instala sem a percepção clara de quem está sendo acometido. Um dos motivos para isso é que esse quadro é bastante comum em pessoas perfeccionistas e que empenham muita energia no trabalho. Quando a Síndrome de Burnout tem início, os primeiros sintomas podem ser apenas queda na sua produtividade, que tende a ser acompanhada de mais empenho no trabalho.

Entretanto, esse aumento de energia com foco na atividade laboral pode trazer um “efeito rebote”. Com a presença do cansaço, o resultado será ainda mais queda na produtividade, que, por sua vez, gera mais frustração. Desse modo um ciclo vicioso é fechado e, sem que exista consciência dele, dificilmente a pessoa consegue escapar.

Burnout pode estar se tornando endêmico

Embora não existam pesquisas definitivas sobre o número de acometidos, é possível estimar que algo em torno de 30% da população adulta e que trabalha sofra de Síndrome de Burnout. Isso se forem consideradas também as fases iniciais do problema.

Um estudo encomendado pela Microsoft, e realizado pela empresa de análises Harris, em 2020, constatou que, entre 6 mil pessoas entrevistadas em 8 países, os brasileiros foram os que mais relataram fadiga e exaustão durante a pandemia: 44% dos respondentes declararam que são atingidos pelo problema.

O número é alarmante e se acentua quando contraposto com a população de outros países:
Singapura, que ocupa o segundo lugar do ranking, apresentou 37% dos respondentes no cenário. Na sequência, vem os Estados Unidos, com 31%; Índia, com 29% e Austrália, com 28%.

Estudos divulgados recentemente, como o realizado pelo instituto Kantar Inclusion Index, feito com 18 mil funcionários de 14 países, inclusive o Brasil, revelou que 29% dizem sentir sintomas ligados ao problema, como fadiga avassaladora ou perda de energia.

Um artigo de revisão publicado na Revista Brasileira de Medicina do Trabalho em 2015 concluiu que o Burnout afeta entre 40% a 60 % dos trabalhadores avaliados entre 2005 e 2015.

Em 2016, a Escola de Economia de Londres apresentou um estudo sobre a depressão no trabalho. Segundo essa pesquisa, o Brasil perde US$ 63,3 bilhões por ano devido ao afastamento do trabalho por questões de estresse e depressão, o que nos coloca no segundo lugar no ranking mundial, atrás apenas dos Estados Unidos.

Além das perdas financeiras, o grande sofrimento de quem padece da síndrome de Burnout leva à necessidade de conhecer os principais sinais e sintomas.

Quanto mais precoce a busca para tratamento especializado, melhores as chances de recuperação.

Sintomas da Síndrome de Burnout

Os sintomas de Burnout são apoiados em 3 grandes grupos:

1) Exaustão Física e Emocional

Há um esgotamento físico e mental, a sensação é de não conseguir se recuperar nas horas de folga. Este é, sem dúvida, o sintoma mais comum de Burnout. 

2) Despersonalização

Uma atitude negativa, insensível e cínica em relação ao trabalho, colaboradores e clientes é comum. O principal sinal é o cinismo e o sarcasmo.

3) Senso Reduzido de Realização Pessoal

O trabalho passa a ser visto e sentido de forma negativa, sem sentido ou valor, além de uma visão pessoal de incompetência.

O questionário padronizado que mede o Burnout é chamado de Maslach Burnout Inventory (MBI). A própria criadora, Christina Maslach, descreve a experiência de esgotamento usando a linguagem abaixo:

” … uma erosão da alma
causada por uma deterioração de seus valores,
dignidade, espírito e vontade”.

Auto avaliação do Burnout

Exaustão no Burnout.

  • Existe grande cansaço, fadiga, exaustão ou esgotamento, como se suas energias tivessem sido sugadas? Enorme cansaço e exaustão emocional?
  • Esse cansaço é persistente e prejudica as funções do dia a dia?
  • Os sintomas pioram após esforço físico, mental ou emocional?
  • O sono não é reparador, a fadiga persiste mesmo após uma boa noite de sono?
  • Está sendo necessário aumentar o esforço para tentar manter o mesmo nível de ânimo e força que tinha anteriormente?

Um dos principais sintomas é o de grande cansaço e exaustão emocional, que parecem não melhorar com repouso habitual.

O cansaço físico é sentido e pode ser reconhecido como falta de energia para realizar as atividades profissionais e do dia a dia, com a característica de que não melhora após medidas de repouso habitual, como uma boa noite de sono ou um final de semana sem preocupações. Já o cansaço mental costuma ser referido como um estado de exaustão emocional. É como se a pessoa tivesse as energias drenadas, sugadas, restando pouca força, esperança ou motivação para domar o próprio destino.

Ocorre também necessidade de maior esforço para realizar as atividades profissionais, com dificuldade para permanecer engajado no trabalho.

A exaustão emocional, que é um estado de sentir-se drenado nas energias, sem força, motivação ou esperança de tomar as rédeas da própria vida e seguir em frente, é frequente.

Irritabilidade e sarcasmo no Burnout.

  • Existe aumento da irritabilidade, com postura cínica e sarcástica que, ou não existia antes, ou aumentou nos últimos tempos?

Outro sintoma importante a ser observado é a irritabilidade por pequenos motivos, além de cinismo e sarcasmo.

Esses sintomas traduzem uma reação automática do cérebro, que adota uma postura de reduzir situações que estão favorecendo a sobrecarga. Uma pessoa ponderada pode, por exemplo, passar a apresentar reações ‘de pavio curto’. Esse é um modo do cérebro afastar o excesso de acontecimentos e circunstâncias que estão temporariamente acima da capacidade de enfrentamento.

Perda do foco e concentração. Comprometimento da memória ou clareza nas decisões no Burnout.

Esse sintoma de Síndrome de Burnout pode se revelar ao se gerenciar várias tarefas, ou ainda apenas quando a pessoa enfrenta aumento na pressão, por exemplo, diante de expectativas crescentes no desempenho.

Dependendo do grau e da extensão do Burnout, pode ocorrer comprometimento de funções executivas do cérebro, como memória ou capacidade de tomada de decisões.

Queda na motivação no Burnout.

O que antes eram situações desafiantes tornam-se problemas chatos, irritantes e sem sentido. Há uma queda no prazer que o trabalho oferecia. É comum, por exemplo, a experiência de sentir grande desânimo aos domingos, e não se trata da melancolia por acabar o dia de repouso. O motivo principal, e muitas vezes oculto, é a preocupação ou temor de enfrentar uma nova semana de trabalho.

Mudança nos hábitos de sono no Burnout.

A Síndrome de Burnout pode afetar o sono de duas maneiras. Uma é a dificuldade em adormecer devido à preocupação sobre as necessidades do trabalho no dia seguinte. E o cansaço pode ser tanto que o acometido procura a cama tão logo chegue em casa. A exaustão também torna muitas vezes difícil levantar da cama e encarar mais um dia de trabalho.

Dores e mal-estar no Burnout.

Pesquisas recentes indicam que muitas queixas corporais podem estar relacionadas à Síndrome de Burnout, como dores de cabeça, no estômago ou desarranjo intestinal. Pode ocorrer ainda mudança na pressão arterial ou desencadeamento de doenças como diabetes.

Perda ou redução no prazer no trabalho no Burnout.

Qualquer pessoa envolvida com um trabalho que considere gratificante, realizador, sente satisfação quando metas são atingidas, quando soluções são encontradas, celebrando e sendo cumprimentado pelo bom trabalho. A Síndrome de Burnout solapa o senso de realização pessoal, e quem sofre seus efeitos pode sentir-se insatisfeito, infeliz mesmo, apesar do sucesso.

Queda na produtividade no Burnout.

A capacidade de realizar o trabalho cai muito, ou exige um enorme esforço para manter a mesma capacidade que tinha antes da Síndrome de Burnout se instalar. E, para complicar, muitas pessoas nesse estado tentam superar o problema trabalhando mais duro, mais horas, com mais afinco, o que só aumenta a sobrecarga e piora a Síndrome de Burnout.

Há um sentimento de tristeza ou desesperança sem motivos concretos para tanto?

São comuns sentimentos de tristeza e desesperança, ainda que a níveis discretos.

Burnout em mulheres

As mulheres parecem ser mais suscetíveis à Síndrome de Burnout, segundo trabalho realizado na Universidade de Montreal, no Canadá e publicado no Annals of Work Exposures and Health em 2018.

Uma diferença é na ordem de aparecimento dos sintomas Enquanto os homens tendem a apresentar sintomas como irritabilidade ou cinismo como primeira manifestação da Síndrome de Burnout, as mulheres, por sua vez, apresentam sintomas de fadiga extrema logo no início do quadro. Mas, mesmo que a ordem de aparecimento seja diferente entre os gêneros, o cansaço físico e emocional sempre faz parte da Síndrome de Burnout.

Mulheres também parecem sofrer mais com o problema, e o motivo provável é que estão sujeitas a condições diferentes de trabalho quando comparadas com os homens. Por exemplo, nas situações em que são alçadas a posições que exigem tomada de decisão, mas com menos poder de agir efetivamente, de utilizar suas habilidades e talentos para modificar os acontecimentos. Em outras palavras, com grande responsabilidade sobre os resultados mas menor autonomia de decisão.

Sugestão de Medidas para Aliviar a Síndrome de Burnout

Sugestões para dificultar o desenvolvimento da Síndrome de Burnout e do cansaço excessivo, e também atenuar os sintomas se a fadiga já estiver instalada.

1. Primeiro o mais importante

Quem entra num avião, sempre ouve as mesmas orientações de segurança. Uma delas é que, se ocorrer queda da pressão na cabine, irão cair máscaras de oxigênio. E que se deve, em primeiro lugar, colocar a própria máscara, e somente depois auxiliar quem está próximo.
O mesmo ocorre com a síndrome Burnout. Ninguém pode dar o que não tem, é inútil tentar liderar, cuidar ou orientar quem quer que seja nesse estado.
Não é motivo de vergonha dar prioridade ao cuidado pessoal antes de se dedicar ao trabalho e às outras pessoas.

2. Proporcionar pausas ao cérebro

Um copo de água misturado com barro não vai ficar menos turvo se for agitado, pelo contrário, é necessário deixá-lo em repouso por algum tempo.
É exatamente isso que acontece com o cérebro sobrecarregado. E o método mais bem estudado para essa recuperação é a meditação do tipo Mindfulness.
Existem várias estratégias utilizadas nessa prática, todas têm em comum a capacidade de aumentar a atenção, a intenção e a consciência. Vale a pena inteirar-se desse método e praticar.

3. Usar o cérebro de modo inteligente

O cérebro humano passa a maior parte do tempo trabalhando com rotinas automáticas, verdadeiros algoritmos de julgamento e decisão formados com o tempo.
Esse é um processo útil para economizar energia na resolução de problemas rotineiros. No entanto, sob os efeitos da síndrome de Burnout, essa capacidade cai muito.
É inteligente dar pausas frequentes no trabalho para o cérebro recuperar-se, e nessas pausas realizar algum exercício de relaxamento e respirar algumas vezes de modo mais profundo.

4. Alimente o cérebro com fatos positivos

Outra estratégia interessante é alimentar o cérebro com fatos positivos, como lembrar propositalmente três coisas boas que aconteceram na vida.
Trata-se de um hábito fácil de ser implantado e que algumas pesquisas já demonstraram ser muito eficaz.

5. Restaurar o corpo e a mente.

Nenhum motor de carro aguenta andar na rotação máxima por muitas horas. O mesmo ocorre com as pessoas. Finais de semana com lazer, férias periódicas e um horário de descanso diário são imprescindíveis.
A sugestão para não permitir que o tempo de restauração ‘escoe pelos dedos’ é programar com antecedência o que irá ser feito para relaxar e distrair-se, anotar na agenda se necessário, e cumprir como um compromisso inadiável.

6. Cuide da saúde do corpo

Além dos exames preventivos anuais, que têm por objetivo maior realizar diagnóstico de enfermidades precocemente, é fundamental checar se há ingestão de líquidos em quantidade suficiente, se a alimentação está saudável e equilibrada, se pratica atividade física, além de cuidar bem do local onde se passa entre um quarto e um terço da vida, que é o dormitório.

7. Qualidade do sono

É possível facilitar o sono reduzindo estímulos luminosos, especialmente de celular ou tablete.
É importante também criar uma rotina diária, pois o cérebro humano pode ser treinado a associar um determinado horário com o adormecimento.

8. E se nada disso parece funcionar?

Se nada disso parece surtir os efeitos desejados, se a exaustão parece não ter fim, é necessário esclarecer se a fadiga não têm origem em alguma doença ou se a síndrome de Burnout já se instalou. Neste caso, exige-se abordagem especializada. O tratamento deve incluir tanto as alterações biológicas no corpo, especialmente no cérebro, quanto as facetas sociais e emocionais.

Quando buscar ajuda para o Burnout?

Embora a síndrome de Burnout seja uma enfermidade relacionada ao trabalho, é preciso diferenciar a exaustão que acontece por causa do trabalho da fadiga que pode acontecer no ambiente de trabalho, sem que a atividade seja, necessariamente, a causa principal.

Independentemente da origem, a exaustão não deve ser atribuída como uma consequência óbvia ao estresse. A partir da instalação da Síndrome de Burnout, ocorre comprometimento de vários sistemas de autorregulação do organismo que exigem auxílio externo.

Estresse não é o mesmo que esgotamento profissional, e se há suspeita de Síndrome de Burnout, é hora de procurar profissionais especializados para diagnosticá-lo corretamente e indicar tratamentos que devem ir além dos sintomas, abarcando os diversos fatores que dão origem ao problema.

Informações sobre atendimento

Acreditamos que cada indivíduo é único na interação entre corpo, mente e ambiente, e que a saúde vai além da ausência de doença, representando um estado de completo bem-estar físico, mental e social.

Com essa perspectiva, buscamos desenvolver um plano de tratamento personalizado, atendendo às necessidades específicas de cada pessoa.

Para informações e marcações de consulta, clique aqui para entrar em contato pelo whatsapp, ou ligue por voz para (11) 5041-0996.

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Fadiga Crônica e Burnout.
Reportagem do Globo Repórter em que Dr. Cyro Masci participa como entrevistado.

Síndrome de Burnout virou doença ocupacional. O que muda?

A partir de janeiro de 2022 o Burnout passou a ser considerado uma doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde. As implicações dessa inclusão são o assunto da entrevista que o médico psiquiatra Cyro Masci realizou no RDTv

Burnout: o que é e qual a importância na vida de cada um

A Organização Mundial da Saúde incluiu o Burnout no Código Internacional de Doenças, a partir daí, no mundo todo, o Burnout passa a ser uma enfermidade bem caracterizada e específica, sempre relacionada ao trabalho. Neste podcast, o psiquiatra Cyro Masci é entrevistado pela jornalista Rosângela Espinossi sobre as características e a importância do diagnóstico e tratamento adequado para o Burnout.

Fadiga das reuniões virtuais

As reuniões e aulas virtuais tornaram-se rotinas, o que levou a alterações significativas no trabalho, inclusive facilitando o Burnout. Entrevista realizada no Repórter Diário TV aponta diversas dificuldades e sugere soluções para esse “novo normal”.

Podcast com Dr Cyro Masci sobre Burnout no Spotify:

Burnout: esgotamento físico e mental https://spoti.fi/3DPjSyf

Burnout: como reconhecer? https://spoti.fi/3uhmBxq

Fadiga, Burnout e Esgotamento https://spoti.fi/3JfVy9Z

Burnout: o que é e qual a importância na vida de cada um https://spoti.fi/3LOm4sE

Dr Cyro Masci - autor 1
Autor: Dr. Cyro Masci
CREMESP 39126
Psiquiatra RQE CFM 9738

Dr. Cyro Masci
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