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Teoria da Discrepância: por que o final de ano pode ser emocionalmente desafiador

Teoria da Discrepância: por que o final de ano pode ser emocionalmente desafiador

O final de ano é um período carregado de simbolismos e expectativas. Para muitos, é sinônimo de celebrações, reflexões e esperança. Contudo, para outros, essa época pode se tornar uma montanha emocional difícil de escalar. Recentemente, um estudo publicado no British Medical Journal , que analisou 1,7 milhão de casos de suicídio em 26 países ao longo de quase cinco décadas, revelou que o risco de uma pessoa atentar contra a própria vida é maior às segundas-feiras e no dia 1º de janeiro. O dado ilustra como essa época pode amplificar fragilidades emocionais, especialmente para quem já enfrenta transtornos psiquiátricos ou desafios de saúde mental.

Uma explicação para esse fenômeno está na Teoria da Discrepância.. A teoria sugere que o desalinhamento entre o “eu ideal” — a versão idealizada de quem desejamos ser — e o “eu real” — quem somos de fato — pode gerar intenso sofrimento emocional. No final de ano, o balanço das conquistas ou fracassos em relação às metas estabelecidas frequentemente evidencia essa disparidade, levando a sentimentos de frustração, culpa e desamparo.

A teoria da discrepância em ação: o espelho distorcido do final de ano

Imagine o final de ano como um grande salão de espelhos. Em cada reflexo, as redes sociais, os comerciais festivos e os encontros familiares projetam imagens de felicidade e realização. Para muitos, esse “salão de espelhos” pode distorcer a percepção de si mesmos, destacando falhas ou lacunas em relação ao que idealizavam. É como se, ao invés de refletirem um balanço honesto e compassivo, os espelhos exibissem apenas as sombras dos desejos não realizados e das metas que ficaram pelo caminho.

Essa dinâmica pode ser especialmente prejudicial para quem já enfrenta dificuldades emocionais. As comparações sociais exacerbam a sensação de inadequação. Por exemplo, ao ver fotos de viagens perfeitas, reuniões calorosas ou conquistas extraordinárias, é comum que as pessoas se perguntem: “Por que a minha vida não é assim?” ou “O que fiz de errado?”. Esse processo cria um ciclo de autocrítica e insatisfação, como se cada imagem idealizada fosse um lembrete das próprias imperfeições.

Aspectos biológicos: quando o cérebro está sobrecarregado

Do ponto de vista biológico, o final de ano pode exacerbar fragilidades preexistentes. Transtornos psiquiátricos, como depressão, ansiedade ou bipolaridade, frequentemente envolvem alterações nos níveis de neurotransmissores como serotonina e dopamina, que regulam o humor e a resiliência emocional. Durante períodos de estresse elevado, privação de sono ou consumo excessivo de álcool — situações comuns nessa época — esses desequilíbrios podem se agravar, reduzindo ainda mais a capacidade de enfrentamento.

Além disso, áreas cerebrais responsávei pelo processamento de ameaças e emoções intensas, podem entrar em estado de hiperatividade. Isso faz com que situações neutras ou triviais sejam interpretadas como ameaçadoras, intensificando sentimentos de desamparo e desesperança.

Aspectos psíquicos: as lentes da autocrítica

Psicologicamente, o final de ano pode intensificar padrões de pensamento rígidos e autocríticos. Frases como “eu deveria ter conseguido mais” ou “este ano foi um desperdício” ecoam na mente, reforçando um senso de inadequação. É como se a mente funcionasse como um projetor de filmes, mas só conseguisse exibir cenas de falhas e arrependimentos, enquanto as conquistas e momentos felizes ficassem esquecidos no arquivo.

Esses pensamentos, muitas vezes, distorcem a realidade e obscurecem as conquistas, criando uma narrativa interna de fracasso. Para aqueles que já têm dificuldade em equilibrar emoções, essa narrativa pode se transformar em um fardo esmagador.

Aspectos sociais: o peso da felicidade obrigatória

Culturalmente, o final de ano é apresentado como um período de felicidade universal. A “positividade obrigatória” exige que todos estejam alegres, sociáveis e realizados, ignorando as nuances e complexidades da experiência humana. Para quem enfrenta solidão, luto ou dificuldades financeiras, essa narrativa pode amplificar o sofrimento, como se houvesse algo “errado” em sentir tristeza ou desânimo.

Muitas relações sociais intensificam esse processo. Elas atuam como vitrines de perfeição, criando uma ilusão de que todos, exceto você, estão vivendo plenamente. Essa comparação constante pode ser devastadora para a autoestima e o bem-estar emocional.

Como enfrentar a discrepância entre o “eu ideal” e o “eu real”?

Embora o final de ano possa ser desafiador, ele também oferece oportunidades para transformação e crescimento.

Aqui estão algumas estratégias para lidar de maneira saudável com as emoções dessa época:

Reavaliar expectativas e celebrar pequenas vitórias

Redefina suas metas de forma mais realista e acessível. Em vez de se concentrar no que não deu certo, reconheça as pequenas conquistas, como superar um desafio pessoal ou manter uma rotina saudável.

Praticar autocompaixão

Imagine tratar-se com a mesma gentileza que oferece a um amigo em dificuldade. Lembre-se de que a vida é uma jornada cheia de altos e baixos, e que seus sentimentos são legítimos.

Evitar comparações sociais

Comparar-se a outros é como julgar sua vida assistindo apenas aos destaques editados dos outros. Lembre-se de que cada pessoa enfrenta batalhas invisíveis.

Conectar-se genuinamente

Procure relações que proporcionem apoio emocional verdadeiro. Um momento de conversa honesta pode ser mais valioso do que qualquer celebração superficial.

Buscar apoio profissional

Se o sofrimento for intenso, não hesite em procurar ajuda. Terapia e acompanhamento psiquiátrico são ferramentas poderosas para lidar com o impacto emocional dessa época.

Resiliência e um novo olhar para o próximo ano

Mantenha presente que o “eu ideal” não é um objetivo fixo, mas um norteador flexível. Ao aceitarmos que a vida é um processo em constante evolução, podemos nos libertar da pressão de alcançar padrões inalcançáveis. Com empatia e estratégias saudáveis, o final de ano pode deixar de ser um período de cobranças e frustrações e se transformar em uma oportunidade para olhar para o futuro com mais esperança e leveza.

Serviço: O Centro de Valorização da Vida (CVV), através do número 188, está disponível 24 horas por dia para ouvir e acolher.

Dr Cyro Masci - autor 1
Autor: Dr. Cyro Masci
CREMESP 39126
Psiquiatra RQE CFM 9738
Psiquiatria Integrativa

Teoria da Discrepância: por que o final de ano pode ser emocionalmente desafiador

Teoria da Discrepância: por que o final de ano pode ser emocionalmente desafiador

O final de ano é um período carregado de simbolismos e expectativas. Para muitos, é sinônimo de celebrações, reflexões e esperança. Contudo, para outros, essa época pode se tornar uma montanha emocional difícil de escalar. Recentemente, um estudo publicado no British Medical Journal , que analisou 1,7 milhão de casos de suicídio em 26 países ao longo de quase cinco décadas, revelou que o risco de uma pessoa atentar contra a própria vida é maior às segundas-feiras e no dia 1º de janeiro. O dado ilustra como essa época pode amplificar fragilidades emocionais, especialmente para quem já enfrenta transtornos psiquiátricos ou desafios de saúde mental.

Uma explicação para esse fenômeno está na Teoria da Discrepância.. A teoria sugere que o desalinhamento entre o “eu ideal” — a versão idealizada de quem desejamos ser — e o “eu real” — quem somos de fato — pode gerar intenso sofrimento emocional. No final de ano, o balanço das conquistas ou fracassos em relação às metas estabelecidas frequentemente evidencia essa disparidade, levando a sentimentos de frustração, culpa e desamparo.

A teoria da discrepância em ação: o espelho distorcido do final de ano

Imagine o final de ano como um grande salão de espelhos. Em cada reflexo, as redes sociais, os comerciais festivos e os encontros familiares projetam imagens de felicidade e realização. Para muitos, esse “salão de espelhos” pode distorcer a percepção de si mesmos, destacando falhas ou lacunas em relação ao que idealizavam. É como se, ao invés de refletirem um balanço honesto e compassivo, os espelhos exibissem apenas as sombras dos desejos não realizados e das metas que ficaram pelo caminho.

Essa dinâmica pode ser especialmente prejudicial para quem já enfrenta dificuldades emocionais. As comparações sociais exacerbam a sensação de inadequação. Por exemplo, ao ver fotos de viagens perfeitas, reuniões calorosas ou conquistas extraordinárias, é comum que as pessoas se perguntem: “Por que a minha vida não é assim?” ou “O que fiz de errado?”. Esse processo cria um ciclo de autocrítica e insatisfação, como se cada imagem idealizada fosse um lembrete das próprias imperfeições.

Aspectos biológicos: quando o cérebro está sobrecarregado

Do ponto de vista biológico, o final de ano pode exacerbar fragilidades preexistentes. Transtornos psiquiátricos, como depressão, ansiedade ou bipolaridade, frequentemente envolvem alterações nos níveis de neurotransmissores como serotonina e dopamina, que regulam o humor e a resiliência emocional. Durante períodos de estresse elevado, privação de sono ou consumo excessivo de álcool — situações comuns nessa época — esses desequilíbrios podem se agravar, reduzindo ainda mais a capacidade de enfrentamento.

Além disso, áreas cerebrais responsávei pelo processamento de ameaças e emoções intensas, podem entrar em estado de hiperatividade. Isso faz com que situações neutras ou triviais sejam interpretadas como ameaçadoras, intensificando sentimentos de desamparo e desesperança.

Aspectos psíquicos: as lentes da autocrítica

Psicologicamente, o final de ano pode intensificar padrões de pensamento rígidos e autocríticos. Frases como “eu deveria ter conseguido mais” ou “este ano foi um desperdício” ecoam na mente, reforçando um senso de inadequação. É como se a mente funcionasse como um projetor de filmes, mas só conseguisse exibir cenas de falhas e arrependimentos, enquanto as conquistas e momentos felizes ficassem esquecidos no arquivo.

Esses pensamentos, muitas vezes, distorcem a realidade e obscurecem as conquistas, criando uma narrativa interna de fracasso. Para aqueles que já têm dificuldade em equilibrar emoções, essa narrativa pode se transformar em um fardo esmagador.

Aspectos sociais: o peso da felicidade obrigatória

Culturalmente, o final de ano é apresentado como um período de felicidade universal. A “positividade obrigatória” exige que todos estejam alegres, sociáveis e realizados, ignorando as nuances e complexidades da experiência humana. Para quem enfrenta solidão, luto ou dificuldades financeiras, essa narrativa pode amplificar o sofrimento, como se houvesse algo “errado” em sentir tristeza ou desânimo.

Muitas relações sociais intensificam esse processo. Elas atuam como vitrines de perfeição, criando uma ilusão de que todos, exceto você, estão vivendo plenamente. Essa comparação constante pode ser devastadora para a autoestima e o bem-estar emocional.

Como enfrentar a discrepância entre o “eu ideal” e o “eu real”?

Embora o final de ano possa ser desafiador, ele também oferece oportunidades para transformação e crescimento.

Aqui estão algumas estratégias para lidar de maneira saudável com as emoções dessa época:

Reavaliar expectativas e celebrar pequenas vitórias

Redefina suas metas de forma mais realista e acessível. Em vez de se concentrar no que não deu certo, reconheça as pequenas conquistas, como superar um desafio pessoal ou manter uma rotina saudável.

Praticar autocompaixão

Imagine tratar-se com a mesma gentileza que oferece a um amigo em dificuldade. Lembre-se de que a vida é uma jornada cheia de altos e baixos, e que seus sentimentos são legítimos.

Evitar comparações sociais

Comparar-se a outros é como julgar sua vida assistindo apenas aos destaques editados dos outros. Lembre-se de que cada pessoa enfrenta batalhas invisíveis.

Conectar-se genuinamente

Procure relações que proporcionem apoio emocional verdadeiro. Um momento de conversa honesta pode ser mais valioso do que qualquer celebração superficial.

Buscar apoio profissional

Se o sofrimento for intenso, não hesite em procurar ajuda. Terapia e acompanhamento psiquiátrico são ferramentas poderosas para lidar com o impacto emocional dessa época.

Resiliência e um novo olhar para o próximo ano

Mantenha presente que o “eu ideal” não é um objetivo fixo, mas um norteador flexível. Ao aceitarmos que a vida é um processo em constante evolução, podemos nos libertar da pressão de alcançar padrões inalcançáveis. Com empatia e estratégias saudáveis, o final de ano pode deixar de ser um período de cobranças e frustrações e se transformar em uma oportunidade para olhar para o futuro com mais esperança e leveza.

Serviço: O Centro de Valorização da Vida (CVV), através do número 188, está disponível 24 horas por dia para ouvir e acolher.

Dr Cyro Masci - autor 1
Autor: Dr. Cyro Masci
CREMESP 39126
Psiquiatra RQE CFM 9738

Dr. Cyro Masci
CREMESP 39126
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