Orientação: cultivar o positivo
A depressão é uma condição desafiadora, diferente da tristeza comum que todos sentimos de vez em quando. Enquanto a tristeza pode ser passageira e geralmente está ligada a um evento específico, a depressão é como uma nuvem que insiste em ficar, obscurecendo os pequenos raios de sol da nossa vida. Ela afeta não apenas o humor, mas também a energia, o apetite, o sono e até a forma como nos enxergamos e percebemos o mundo.
Essa nuvem tem uma armadilha cruel: ela fixa nossos olhos no que é negativo e no que está ausente, dificultando enxergar o que ainda está presente, belo e significativo. É como se, ao olhar para um campo cheio de flores, uma lente cinza cobrisse seus olhos e só fosse possível perceber as pedras no chão. Essa percepção distorcida alimenta o ciclo de pensamentos repetitivos e dolorosos, o que chamamos de ruminação.
Por isso, interromper esse ciclo e redirecionar o olhar para o positivo não significa ignorar os desafios ou pintar uma felicidade irreal. É, sim, aprender a reequilibrar a visão, perceber as flores mesmo em meio às pedras e abrir espaço para que os raios de sol, aos poucos, atravessarem as nuvens. Pense nisso como construir um jardim: é um trabalho que exige tempo, paciência e cuidado. Mas, com pequenas sementes regadas dia após dia, algo novo pode começar a florescer.
Abaixo estão algumas práticas que podem ajudar você a sair do piloto automático dos pensamentos negativos e redescobrir momentos de bem-estar, conexão e significado. Usaremos metáforas e imagens para ilustrar cada passo, facilitando sua memorização e aplicação.
Por que essas práticas funcionam?
É importante entender que essas técnicas são baseadas em princípios das neurociências. Quando praticamos o reconhecimento de aspectos positivos, estamos, na verdade, treinando nosso cérebro para criar e fortalecer novas conexões neurais associadas a emoções positivas. Isso é possível devido à neuroplasticidade, a capacidade que o cérebro tem de se reorganizar formando novas conexões ao longo da vida. A repetição dessas práticas ajuda a enfraquecer os circuitos de ruminação e fortalecer os de bem-estar e gratidão, promovendo uma mudança real na forma como percebemos e reagimos ao mundo.
Das práticas sugeridas, escolha no mínimo duas para colocar em prática diariamente
e va aumentando progressivamente conforme for se habituando.
A sugestão é sempre incluir o Diário do Reconhecimento (a primeira prática), que é considerada uma espécie de “coringa”, é útil numa série de situações.
1. Cultivando flores: o diário do reconhecimento (ou gratidão)
Imagine que sua mente é como um campo. Tudo aquilo em que você foca sua atenção tende a crescer. Se você dedica muito tempo olhando para as “ervas daninhas” – os problemas e desafios –, elas crescem e dominam o campo. Mas, se você se permite cuidar de pequenas flores – como os momentos bons e significativos do dia a dia –, elas começam a se espalhar e ocupar mais espaço.
Uma forma simples de cultivar essas flores mentais é manter um Diário do Reconhecimento (ou Gratidão). Este é um exercício no qual você dedica um momento ao final do dia para parar, refletir e anotar três coisas pelas quais se sentiu satisfeito ou grato nas últimas 24 horas.
Não precisa buscar acontecimentos excepcionais. Muitas vezes, são as pequenas flores as mais significativas: o aroma de um café pela manhã, uma breve conversa com um amigo, ou o conforto do seu cobertor em um dia cansativo. Essas pequenas alegrias diárias são como sementes que, quando reconhecidas e valorizadas, têm o poder de transformar o seu campo mental.
Como praticar:
1. Escolha um momento tranquilo do dia:
Idealmente, faça isso à noite, antes de dormir, pois é um bom momento para refletir sobre o dia que passou. No entanto, você pode escolher qualquer momento que se encaixe melhor na sua rotina.
2. Pergunte-se:
- “O que foi bom no meu dia?”
- “Por que isso foi importante para mim?”
3. Anote as respostas de forma breve, mas sincera:
Use um caderno ou um aplicativo de notas no celular. O importante é que você possa registrar suas reflexões de maneira acessível e consistente.
Dicas para aprofundar a prática:
1. Seja específico:
Detalhe o máximo possível sobre cada experiência. Em vez de escrever “Sou grato pelo meu amigo”, você pode escrever “Sou grato pela conversa que tive com meu amigo hoje, pois me fez sentir ouvido e apoiado”.
2. Varie os tipos de reconhecimento:
Tente reconhecer , e agradecer, diferentes aspectos da sua vida: pessoas, experiências, habilidades pessoais e até mesmo momentos de descanso ou autocuidado.
3. Releia suas anotações:
De tempos em tempos, releia o que escreveu para lembrar-se das coisas boas que aconteceram. Isso pode ser especialmente útil em dias mais difíceis. Exemplo:
- “Hoje eu vi um pôr do sol fantástico. Ele me fez sentir mais conectado com a natureza e trouxe um pouco de paz.”
- “Recebi uma mensagem inesperada de um amigo querido. Isso me lembrou que tenho pessoas que se importam comigo.”
- “Preparei uma refeição saudável para mim mesmo. Foi gratificante cuidar do meu corpo com algo nutritivo.”
Por que isso funciona:
Cada vez que você faz esse exercício, você está treinando seu cérebro a notar o lado luminoso da vida, ajudando a sair da lente escura imposta pela depressão. Esse processo é sustentado pela neuroplasticidade – a capacidade do cérebro de formar e reorganizar conexões sinápticas, especialmente em resposta à aprendizagem ou à experiência. Quando você foca no positivo, está reforçando os circuitos neurais associados às emoções positivas, o que pode ajudar a contrabalançar os padrões de pensamento negativos.
Cultivar um Diário do Reconhecimento é como cuidar de um jardim interno. Cada anotação é uma pequena semente plantada. No início, pode parecer que o impacto é mínimo, mas com o tempo, essas sementes crescem e florescem, transformando seu campo mental em um espaço mais vibrante e acolhedor. As pequenas flores que você reconhece e valoriza diariamente começam a se espalhar, ocupando mais espaço e, eventualmente, superando as ervas daninhas dos pensamentos negativos.
Com o tempo, as flores mentais começam a brotar de forma mais espontânea. Ao dedicar alguns minutos diários para refletir e registrar suas gratidões, você está não apenas mudando seu foco, mas também construindo um hábito poderoso que pode ter um impacto profundo em seu bem-estar emocional.
2. Saboreando momentos: focando nos prazeres
Muitas vezes, durante dias difíceis, até mesmo pequenos raios de sol passam despercebidos porque estamos tão ocupados focando nos problemas que não conseguimos notá-los. Saborear um momento prazeroso significa desacelerar intencionalmente para se conectar com o presente e aproveitar o que está diante de você. Essa prática, chamada de “savoring” (saborear momentos), é como provar um pedaço de chocolate e deixar que ele derreta na língua, sentindo cada detalhe, em vez de engoli-lo apressadamente sem nem notar o sabor.
Saborear momentos é uma forma de mindfulness (atenção plena) aplicada a experiências prazerosas. Quando você se permite estar plenamente presente em um momento de prazer, você está treinando seu cérebro para reconhecer e valorizar esses momentos, o que pode ajudar a contrabalançar os efeitos da ruminação e dos pensamentos negativos.
Como praticar:
1. Escolha um pequeno momento durante o dia para se envolver completamente com algo prazeroso:
Pode ser o gosto de uma fruta, o cheiro do café, sentir a brisa no rosto, ou ouvir uma música que você gosta.
Encontre algo que naturalmente lhe traga prazer e que possa ser apreciado sem pressa.
2. Dedique-se totalmente a essa experiência por 5 minutos:
Durante esse tempo, tente desligar outros pensamentos e focar apenas no momento presente. Concentre-se nos detalhes: o sabor, o cheiro, a textura ou o som.
Use todos os seus sentidos para explorar a experiência. Por exemplo:
Se estiver saboreando uma fruta, note a cor, a textura, o sabor e o aroma.
Se estiver ouvindo uma música, preste atenção aos diferentes instrumentos, à melodia e às emoções que a música evoca.
3. Pratique o reconhecimento e gratidão durante o momento:
Enquanto desfruta da experiência, reconheça e agradeça por esse pequeno prazer. Isso pode intensificar a sensação de bem-estar e satisfação.
Dicas para aprofundar a prática:
1. Varie as experiências:
Experimente diferentes tipos de momentos prazerosos ao longo da semana. Isso pode incluir atividades ao ar livre, como uma caminhada no parque, ou atividades internas, como ler um livro ou tomar um banho relaxante.
2. Crie um ritual:
Transforme essa prática em um ritual diário. Pode ser tomar um chá calmante todas as noites ou dedicar 10 minutos pela manhã para ouvir sua música favorita.
3. Reflita sobre a experiência:
Após o momento de savoring, reserve um minuto para refletir sobre como você se sentiu. Isso ajuda a solidificar a experiência positiva em sua memória. Exemplo:
- “Hoje, tirei cinco minutos para saborear uma xícara de chá. Sentei-me em silêncio, sentindo o calor da xícara nas minhas mãos, inalando o aroma suave e apreciando cada gole. Foi um momento de pura tranquilidade que me fez sentir mais presente e calmo.”
- “Durante minha caminhada matinal, parei para sentir a brisa fresca no rosto. Fechei os olhos e me concentrei na sensação do vento contra a pele, ouvindo os sons suaves da natureza ao meu redor. Esse pequeno momento me trouxe uma sensação de renovação.”
Por que isso funciona:
Saborear momentos é uma prática que ajuda a combater a tendência de nossa mente de se fixar nos problemas e preocupações. Ao focar intencionalmente em experiências positivas e prazerosas, você está treinando seu cérebro para reconhecer e valorizar esses momentos, o que pode ajudar a contrabalançar os efeitos da ruminação e dos pensamentos negativos. Essa prática ativa o sistema de recompensa do cérebro, liberando dopamina e promovendo sentimentos de prazer e satisfação.
Saborear momentos é como abrir as janelas de uma casa para que o ar fresco entre. Mesmo que a casa esteja desorganizada, aquele simples sopro de ar puro dá uma sensação de renovação. Da mesma forma, mesmo em dias difíceis, dedicar alguns minutos para apreciar um momento de prazer pode trazer uma sensação de frescor e alívio.
Ao praticar o savoring, você está aprendendo a desacelerar e a valorizar os pequenos prazeres da vida. Essa prática pode ajudá-lo a se sentir mais presente, conectado e satisfeito, mesmo em meio aos desafios. Com o tempo, você pode descobrir que esses pequenos momentos de prazer se tornam uma fonte constante de conforto e alegria, ajudando a iluminar seus dias e a fortalecer seu bem-estar emocional.
3. Podando ervas daninhas: agendando as preocupações
Pensamentos repetitivos e catastróficos, conhecidos como ruminação, consomem muita energia mental. Eles podem ser comparados a ervas daninhas que crescem no meio do campo, roubando o espaço e os recursos das flores boas que você tenta cultivar. A ruminação não apenas drena sua energia, mas também reforça padrões de pensamento negativo, dificultando a percepção de soluções ou a apreciação de momentos positivos. Uma maneira eficaz de lidar com isso é estabelecer um limite e horário específico para pensar nas suas preocupações – como se fosse “hora de podar o mato”.
Como funciona:
1. Escolha um horário específico do dia:
Reserve 15-20 minutos em um momento do dia que funcione melhor para você. Pode ser no final da tarde ou no início da noite, mas evite fazer isso logo antes de dormir para não levar preocupações para o seu momento de descanso.
2. Crie um ambiente adequado:
Encontre um lugar tranquilo onde você possa se concentrar sem interrupções. Tenha à mão um caderno ou um dispositivo para anotar seus pensamentos.
3. Durante esse período, anote ou reflita sobre seus medos e pensamentos negativos:
Use esse tempo para explorar suas preocupações de forma estruturada. Você pode escrever sobre o que está incomodando, refletir sobre possíveis soluções ou simplesmente reconhecer os sentimentos sem a necessidade de resolvê-los imediatamente.
4. Estruture seus pensamentos:
Ao anotar suas preocupações, tente organizá-las em categorias (por exemplo, trabalho, relacionamentos, saúde). Isso pode ajudar a clarear a mente e a perceber padrões ou temas recorrentes.
5. Pratique a autocompaixão:
Seja gentil consigo mesmo enquanto reflete sobre suas preocupações. Reconheça que é normal ter medos e dúvidas, e que dedicar tempo para lidar com eles é um ato de autocuidado.
6. Durante o resto do dia, sempre que um pensamento preocupante surgir fora desse horário, diga para si mesmo:
“Agora não. Vou pensar nisso na minha hora reservada para as preocupações.”
Por que funciona:
1. Estabelece limites claros para os pensamentos intrusivos:
Agendar as preocupações ajuda a criar uma fronteira mental, limitando o tempo que você dedica a pensamentos negativos. Isso impede que eles dominem todo o seu dia e permite que você se concentre em outras atividades e experiências.
2. Reduz a ansiedade e a sobrecarga mental:
Saber que você tem um horário específico para lidar com suas preocupações pode reduzir a ansiedade, pois você não sente a necessidade de resolver tudo imediatamente. Isso alivia a sobrecarga mental e permite que você se engaje mais plenamente em outras tarefas.
3. Promove uma abordagem mais estruturada e racional:
Dedicar tempo específico para refletir sobre suas preocupações permite que você as aborde de maneira mais racional e estruturada. Isso pode ajudar a identificar soluções práticas ou a perceber que algumas preocupações são menos urgentes do que parecem.
4. Fortalece o autocontrole e a resiliência:
Praticar o adiamento das preocupações fora do horário agendado fortalece o autocontrole e a capacidade de direcionar sua atenção para o que é mais importante no momento. Com o tempo, isso aumenta sua resiliência emocional.
Dicas para aprofundar a prática:
1. Use técnicas de relaxamento antes e depois:
Antes de iniciar seu tempo de preocupação, pratique alguns minutos de respiração profunda ou meditação para acalmar a mente. Após o período de reflexão, faça algo agradável ou relaxante para ajudar a transitar de volta para um estado mental mais positivo.
2. Reflita sobre seus sentimentos:
Ao anotar suas preocupações, inclua também uma reflexão sobre como esses pensamentos fazem você se sentir. Isso pode ajudar a aumentar sua autoconsciência e a compreensão das emoções subjacentes.
3. Revise suas anotações periodicamente:
De tempos em tempos, reveja suas anotações para identificar padrões ou preocupações recorrentes. Isso pode fornecer insights valiosos sobre áreas da sua vida que precisam de mais atenção ou mudança.
Exemplo:
- “Hoje, durante meus 20 minutos de preocupação, anotei minhas ansiedades sobre o trabalho. Percebi que muitas delas estão relacionadas ao medo de não ser bom o suficiente. Refleti sobre as vezes em que fui elogiado por meu desempenho, o que me ajudou a ver que esses medos nem sempre correspondem à realidade.”
- “Durante meu tempo de preocupação, escrevi sobre meus medos em relação à saúde. Organizei minhas preocupações em categorias e percebi que algumas eram baseadas em suposições e não em fatos. Isso me ajudou a priorizar o que realmente precisa de atenção.”
Agendar suas preocupações é como reservar um tempo específico para podar as ervas daninhas em um jardim. Em vez de deixar que elas cresçam descontroladamente e sufocam as flores, você dedica um momento adequado para cuidar delas, mantendo o jardim mais saudável e equilibrado. Da mesma forma, ao limitar o tempo que você passa ruminando, você protege sua mente e cria espaço para pensamentos e experiências mais positivos.
Ao estabelecer um horário específico para lidar com suas preocupações, você está tomando o controle de sua mente e criando um espaço seguro para explorar e entender seus temores e preocupações. Essa prática não apenas ajuda a reduzir a ansiedade e a ruminação, mas também promove um senso de ordem e clareza mental. Com o tempo, você pode descobrir que suas preocupações se tornam menos avassaladoras e mais gerenciáveis, permitindo que você se concentre em viver o presente de maneira mais plena e satisfatória.
4. Cuidando de si mesmo: exercitando a autocompaixão
Quando estamos enfrentando algo difícil, muitas vezes nossa mente se torna nosso pior crítico, apontando falhas e julgamentos. Esse diálogo interno negativo pode ser extremamente prejudicial, especialmente durante períodos de depressão. A autocompaixão consiste em aprender a lidar consigo mesmo com gentileza, da mesma forma que faria com um amigo próximo que estivesse passando por uma situação difícil. Trata-se de cultivar uma atitude de carinho, compreensão e suporte consigo próprio, reconhecendo que todos nós temos momentos de dificuldade e que isso faz parte da experiência humana.
Por que a autocompaixão é importante:
Porque ajuda a interromper o ciclo de autocrítica e vergonha que pode agravar a depressão. Estudos em neurociência mostram que praticar a autocompaixão ativa áreas do cérebro associadas ao cuidado e à empatia, como o sistema límbico, enquanto diminui a atividade nas áreas relacionadas ao julgamento e à crítica, como o córtex pré-frontal dorsolateral. Isso não só melhora o bem-estar emocional, mas também fortalece a resiliência, permitindo que você lide melhor com os desafios.
Exercício: a carta de amizade
Um exercício eficaz para cultivar a autocompaixão é escrever uma carta para si mesmo como se estivesse escrevendo para um amigo querido. Este exercício ajuda a mudar a perspectiva e a tratar-se com a mesma gentileza e compreensão que ofereceria a outra pessoa.
1. Imagine que um amigo querido está passando por um problema semelhante ao seu:
Pense em alguém que você ama e respeita, e imagine que essa pessoa está enfrentando a mesma dificuldade que você. Como você se sentiria em relação a essa pessoa? O que você diria para confortá-la e apoiá-la?
2. Escreva uma carta para si mesmo usando esse mesmo tom acolhedor e compassivo:
Use a terceira pessoa para escrever a carta, como se estivesse falando diretamente com seu amigo. Esta estratégia ajuda a ativar áreas diferentes do cérebro, facilitando mudanças na forma como você se vê e se trata.
3. Seja específico e detalhado:
Aborde a situação que você está enfrentando, reconheça seus sentimentos e ofereça palavras de encorajamento e apoio. Lembre-se de incluir exemplos de momentos em que você superou desafios no passado.
Exemplo:
“Querido [seu nome],
Eu sei que você está passando por uma fase difícil agora, mas quero que saiba que você é uma pessoa forte e já superou desafios antes. Lembre-se daquele momento em que você conseguiu [descreva uma situação específica]. Isso mostra que você tem a capacidade de enfrentar e superar obstáculos.
Você não precisa resolver tudo de uma vez. É normal sentir-se sobrecarregado às vezes, mas lembre-se de dar um passo de cada vez. Cada pequeno avanço é uma vitória. Cuide de si mesmo, descanse quando precisar e não tenha medo de pedir ajuda. Você merece o mesmo carinho e compreensão que oferece aos outros.
Com carinho,
[Seu nome]”
Dicas para aprofundar a prática:
1. Releia a carta regularmente:
Guarde a carta em um lugar acessível e releia-a sempre que se sentir desanimado ou crítico consigo mesmo. Isso pode servir como um lembrete constante de sua força e capacidade de superação.
2. Escreva novas cartas conforme necessário:
Sempre que enfrentar novos desafios ou sentimentos de autocrítica, escreva novas cartas. Isso ajuda a reforçar o hábito de tratar-se com compaixão.
3. Pratique a autocompaixão diariamente:
Além de escrever cartas, incorpore pequenos atos de autocompaixão em sua rotina diária. Isso pode incluir pausas para respiração profunda, meditação guiada de autocompaixão ou simplesmente falar consigo mesmo de maneira gentil e encorajadora.
Por que isso funciona:
Escrever cartas de autocompaixão e falar consigo mesmo como faria com um amigo ajuda a interromper o ciclo de autocrítica e a cultivar uma atitude mais positiva e solidária. Estudos mostram que a autocompaixão está associada a níveis mais baixos de ansiedade e depressão, além de maior satisfação com a vida e resiliência emocional. Ao praticar a autocompaixão, você está treinando seu cérebro para responder a situações difíceis com cuidado e apoio, em vez de julgamento e crítica.
Praticar a autocompaixão é como aprender a ser seu próprio melhor amigo. Imagine que você está construindo uma rede de segurança interna que o apoia e o sustenta durante os momentos difíceis. Cada ato de autocompaixão é como reforçar essa rede, tornando-a mais forte e capaz de segurá-lo quando você mais precisa.
Exercitar a autocompaixão é uma prática poderosa que pode transformar a maneira como você se relaciona consigo mesmo. Ao tratar-se com a mesma gentileza e compreensão que ofereceria a um amigo querido, você cultiva um ambiente interno de apoio e aceitação. Com o tempo, essa prática pode ajudar a reduzir a autocrítica, aumentar sua resiliência emocional e melhorar seu bem-estar geral. Lembre-se de que todos nós merecemos amor e compaixão, especialmente de nós mesmos.
5. Guardando suas joias: pequenas conquistas
A depressão tende a diminuir o valor das pequenas realizações, levando a uma sensação constante de estagnação ou de “não avançar”. Isso acontece porque nosso foco, em estados depressivos, costuma estar nas dificuldades ou no que ainda não foi feito, obscurecendo aquilo que conseguimos realizar, mesmo que sejam pequenos gestos ao longo do dia. No entanto, essas pequenas ações, frequentemente ignoradas, são como joias escondidas no meio do cotidiano: elas mostram que você está, sim, se movimentando, mesmo que em passos curtos. É por isso que reconhecê-las é essencial.
Guardar suas conquistas diárias é como colecionar essas joias. Ao reuni-las em um registro, você cria um lembrete concreto de que o progresso está acontecendo, inevitavelmente, mesmo nos dias mais difíceis. Essas pequenas realizações, quando registradas, servem como âncora nos momentos em que o desânimo ou a sensação de impotência aparecem. Elas ajudam a construir um senso de competência e motivação, ao mostrar que cada passo, por menor que seja, é valioso.
Como fazer:
No final do dia, reserve cinco minutos para pensar nas pequenas conquistas do dia. Pergunte-se:
“O que eu consegui fazer hoje, mesmo que simples?”
“Qual pequeno ato foi um desafio para mim, mas que superei?”
Anote uma ou duas vitórias no seu diário. Não se preocupe com o tamanho ou importância dessas ações; lembre-se de que a intenção aqui é valorizar o esforço, não a perfeição. Nem tudo precisa ser grandioso para ser significativo.
Exemplos que valem ser reconhecidos:
- “Consegui arrumar a cama hoje. Foi difícil sair do conforto, mas eu fiz.”
- “Respondi uma mensagem que estava adiando há dias. Foi bom me reconectar com essa pessoa.”
- “Levantei e tomei banho, mesmo sem muita energia. Isso me ajudou a me sentir um pouco mais disposto.”
- “Preparei uma refeição simples para mim mesmo e me alimentei com calma.”
Por que funciona:
Essa prática ajuda o cérebro a reavaliar a proporção do que foi feito no lugar de amplificar o que não foi. É como refocar os holofotes. Ao registrar suas conquistas, você percebe que está tomando pequenas ações de autocuidado, enfrentando desafios e avançando na direção que deseja. Esse reconhecimento estimula regiões do cérebro associadas à motivação e ao prazer, como o sistema de recompensa. A repetição do exercício, ao longo dos dias, fortalece os circuitos neurais ligados ao senso de realização.
Imagine que cada conquista que você registra é como uma joia guardada em um baú. No começo, o “baú” pode parecer vazio, mas ao depositar pequenas pepitas de vitórias todos os dias, ele logo começa a se encher. E quando precisar de força em um momento de dúvida ou dificuldade, você poderá abrir esse baú e ver o quanto já construiu, mesmo nos períodos mais complicados.
Com o tempo, esse hábito pode ajudá-lo a valorizar o progresso contínuo, reforçando a ideia de que até os menores esforços têm importância e fazem parte do caminho da recuperação.
6. Construindo propósito: atos significativos
Nem todos os dias trarão prazer ou energia, especialmente em momentos de dificuldade emocional. No entanto, mesmo nos dias de maior desânimo, é possível buscar algo que traga um significado especial, mesmo que seja algo pequeno e aparentemente simples. A construção de propósito vai além da busca por prazer: ela está relacionada àquilo que dá sentido à sua vida e o conecta a algo maior que você, seja uma causa, um valor, uma pessoa ou até mesmo um objetivo pessoal.
Quando você realiza atos significativos, independentemente do tamanho, esses gestos fortalecem o senso de utilidade e pertencimento – dois aspectos frequentemente abalados pela depressão. Pequenas ações podem conter sementes de propósito que, ao longo do tempo, crescem e ajudam a preencher sentimentos de vazio ou desconexão. Lembre-se de que não é preciso realizar algo grandioso; o impacto do propósito está em contribuir, em pequenas doses, para algo que vá além das dificuldades momentâneas.
Como praticar:
Pergunte-se diariamente:
- “O que posso fazer hoje que acrescente significado e felicidade ao meu dia?”
- “Qual pequeno gesto pode beneficiar minha vida ou a de outra pessoa?”
- “O que é mais importante para mim e como posso me conectar com isso, mesmo que por alguns minutos do meu dia?”
Essas perguntas ajudam a canalizar sua atenção para atividades intencionais e a redirecionar o foco do excesso de ruminação para ações que geram conexão, valor ou contribuição.
Além disso, não se prenda a ideias de “grandes propósitos”. As ações significativas que constroem o propósito podem ser discretas, mas constantes, ganhando força com o tempo. Elas estão no presente e podem ser encontradas nas pequenas escolhas feitas a cada dia.
Exemplos do que você pode fazer:
- Ajudar alguém: Oferecer assistência a um colega, amigo ou familiar, seja por meio de uma conversa ou de um gesto prático, como ajudar com uma tarefa ou compartilhar algo útil.
- Cuidar de outra forma de vida: Cuidar de um animal, regar um jardim ou plantar uma muda pode ser uma maneira de se conectar com o mundo ao seu redor e perceber seu impacto sobre ele.
- Contribuir para a comunidade: Participar como voluntário em alguma atividade comunitária, como ajudar em uma instituição local, arrecadar alimentos ou organizar algo que beneficie outras pessoas.
- Concluir uma tarefa que foi adiada: Realizar pequenas tarefas do dia a dia – como arrumar algo na sua casa, organizar um espaço pessoal ou até mesmo escrever um e-mail que estava procrastinando – traz uma satisfação interna por recuperar a sensação de progresso.
- Engajar-se em um hobby significativo: Dedicar um tempo a algo que você goste, como ler, tocar um instrumento, pintar ou escrever, é uma forma de relembrar e exercitar aspectos pessoais que trazem sentido à sua vida.
- Conectar-se com valores pessoais: Reflita sobre o que é importante para você – honestidade, cuidado, amizade ou aprendizado, por exemplo – e encontre pequenos gestos que expressem esses valores no dia a dia.
Por que essas práticas funcionam:
A construção de propósito promove atividade em áreas do cérebro associadas à motivação e ao senso de recompensa, como o córtex pré-frontal e o sistema de dopamina. Durante momentos de depressão, quando as redes neurais associadas a prazer e energia estão enfraquecidas, engajar-se em ações significativas oferece um estímulo compensatório, fomentando a ativação dessas áreas com base no valor subjetivo da ação – isto é, no que ela representa para você.
Mais do que isso, praticar atos de propósito fortalece o senso de conexão, reduzindo a sensação de isolamento que muitas vezes acompanha a depressão. Seja conectando-se com pessoas ao ajudar, seja engajando-se em algo que alinha suas ações aos seus valores, essas práticas ampliam a sua perspectiva e ajudam a quebrar o ciclo de pensamentos focados em problemas.
Construir propósito é como plantar árvores em um solo que, no começo, pode parecer árido. Quando começamos, as sementes podem ser difíceis de imaginar como algo significativo diante de seus desafios. Porém, com compromisso e cuidado, esses atos menores – como ajudar outras pessoas, cuidar de algo ou dedicar atenção a valores que importam – começam a criar raízes. Aos poucos, essas árvores de propósito crescem, oferecendo sombra, frutos e um ambiente mais acolhedor. Embora os resultados possam demorar a surgir, eles sempre geram impactos profundos e duradouros, trazendo conforto e renovação mesmo nos dias mais difíceis.
Pequenos passos, grandes significados
Lembre-se: não se trata de mudar o mundo em um só dia, mas de realizar pequenos gestos que tragam avanço e significado para a sua rotina. A soma dessas pequenas ações, repetidas diariamente, constrói um propósito mais robusto e ajuda a reconfigurar sua percepção do mundo e de si mesmo. Nos dias de maior desânimo, permita-se dar um único passo insignificante aos seus olhos – talvez ajudar alguém, cuidar de um objeto ou finalizar uma tarefa simples. Com o tempo, você notará como esses passos se somam, gerando raízes sólidas para sua jornada.
Conclusão
Redescobrir o positivo não é negar os desafios, mas ampliar a percepção para incluir também os pequenos momentos de luz que existem nos dias nublados. Essas práticas são sementes que, regadas com paciência, podem ajudar sua mente a florescer.
Referências bibliográficas básicas:
- Lyubomirsky, S. (2008). The How of Happiness: A New Approach to Getting the Life You Want. Penguin Books.
- Seligman, M. E. P. (2011). Flourish: A Visionary New Understanding of Happiness and Well-being. Free Press.
- Neff, K. D. (2011). Self-Compassion: The Proven Power of Being Kind to Yourself. William Morrow.
- Fredrickson, B. L. (2009). Positivity: Groundbreaking Research Reveals How to Embrace the Hidden Strength of Positive Emotions, Overcome Negativity, and Thrive. Crown.
- Kabat-Zinn, J. (2013). Full Catastrophe Living: Using the Wisdom of Your Body and Mind to Face Stress, Pain, and Illness. Bantam Books.
- Emmons, R. A. (2007). Thanks!: How the New Science of Gratitude Can Make You Happier. Houghton Mifflin Harcourt.
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Orientação: cultivar o positivo
A depressão é uma condição desafiadora, diferente da tristeza comum que todos sentimos de vez em quando. Enquanto a tristeza pode ser passageira e geralmente está ligada a um evento específico, a depressão é como uma nuvem que insiste em ficar, obscurecendo os pequenos raios de sol da nossa vida. Ela afeta não apenas o humor, mas também a energia, o apetite, o sono e até a forma como nos enxergamos e percebemos o mundo.
Essa nuvem tem uma armadilha cruel: ela fixa nossos olhos no que é negativo e no que está ausente, dificultando enxergar o que ainda está presente, belo e significativo. É como se, ao olhar para um campo cheio de flores, uma lente cinza cobrisse seus olhos e só fosse possível perceber as pedras no chão. Essa percepção distorcida alimenta o ciclo de pensamentos repetitivos e dolorosos, o que chamamos de ruminação.
Por isso, interromper esse ciclo e redirecionar o olhar para o positivo não significa ignorar os desafios ou pintar uma felicidade irreal. É, sim, aprender a reequilibrar a visão, perceber as flores mesmo em meio às pedras e abrir espaço para que os raios de sol, aos poucos, atravessarem as nuvens. Pense nisso como construir um jardim: é um trabalho que exige tempo, paciência e cuidado. Mas, com pequenas sementes regadas dia após dia, algo novo pode começar a florescer.
Abaixo estão algumas práticas que podem ajudar você a sair do piloto automático dos pensamentos negativos e redescobrir momentos de bem-estar, conexão e significado. Usaremos metáforas e imagens para ilustrar cada passo, facilitando sua memorização e aplicação.
Por que essas práticas funcionam?
É importante entender que essas técnicas são baseadas em princípios das neurociências. Quando praticamos o reconhecimento de aspectos positivos, estamos, na verdade, treinando nosso cérebro para criar e fortalecer novas conexões neurais associadas a emoções positivas. Isso é possível devido à neuroplasticidade, a capacidade que o cérebro tem de se reorganizar formando novas conexões ao longo da vida. A repetição dessas práticas ajuda a enfraquecer os circuitos de ruminação e fortalecer os de bem-estar e gratidão, promovendo uma mudança real na forma como percebemos e reagimos ao mundo.
Das práticas sugeridas, escolha no mínimo duas para colocar em prática diariamente
e va aumentando progressivamente conforme for se habituando.
A sugestão é sempre incluir o Diário do Reconhecimento (a primeira prática), que é considerada uma espécie de “coringa”, é útil numa série de situações.
1. Cultivando flores: o diário do reconhecimento (ou gratidão)
Imagine que sua mente é como um campo. Tudo aquilo em que você foca sua atenção tende a crescer. Se você dedica muito tempo olhando para as “ervas daninhas” – os problemas e desafios –, elas crescem e dominam o campo. Mas, se você se permite cuidar de pequenas flores – como os momentos bons e significativos do dia a dia –, elas começam a se espalhar e ocupar mais espaço.
Uma forma simples de cultivar essas flores mentais é manter um Diário do Reconhecimento (ou Gratidão). Este é um exercício no qual você dedica um momento ao final do dia para parar, refletir e anotar três coisas pelas quais se sentiu satisfeito ou grato nas últimas 24 horas.
Não precisa buscar acontecimentos excepcionais. Muitas vezes, são as pequenas flores as mais significativas: o aroma de um café pela manhã, uma breve conversa com um amigo, ou o conforto do seu cobertor em um dia cansativo. Essas pequenas alegrias diárias são como sementes que, quando reconhecidas e valorizadas, têm o poder de transformar o seu campo mental.
Como praticar:
1. Escolha um momento tranquilo do dia:
Idealmente, faça isso à noite, antes de dormir, pois é um bom momento para refletir sobre o dia que passou. No entanto, você pode escolher qualquer momento que se encaixe melhor na sua rotina.
2. Pergunte-se:
- “O que foi bom no meu dia?”
- “Por que isso foi importante para mim?”
3. Anote as respostas de forma breve, mas sincera:
Use um caderno ou um aplicativo de notas no celular. O importante é que você possa registrar suas reflexões de maneira acessível e consistente.
Dicas para aprofundar a prática:
1. Seja específico:
Detalhe o máximo possível sobre cada experiência. Em vez de escrever “Sou grato pelo meu amigo”, você pode escrever “Sou grato pela conversa que tive com meu amigo hoje, pois me fez sentir ouvido e apoiado”.
2. Varie os tipos de reconhecimento:
Tente reconhecer , e agradecer, diferentes aspectos da sua vida: pessoas, experiências, habilidades pessoais e até mesmo momentos de descanso ou autocuidado.
3. Releia suas anotações:
De tempos em tempos, releia o que escreveu para lembrar-se das coisas boas que aconteceram. Isso pode ser especialmente útil em dias mais difíceis. Exemplo:
- “Hoje eu vi um pôr do sol fantástico. Ele me fez sentir mais conectado com a natureza e trouxe um pouco de paz.”
- “Recebi uma mensagem inesperada de um amigo querido. Isso me lembrou que tenho pessoas que se importam comigo.”
- “Preparei uma refeição saudável para mim mesmo. Foi gratificante cuidar do meu corpo com algo nutritivo.”
Por que isso funciona:
Cada vez que você faz esse exercício, você está treinando seu cérebro a notar o lado luminoso da vida, ajudando a sair da lente escura imposta pela depressão. Esse processo é sustentado pela neuroplasticidade – a capacidade do cérebro de formar e reorganizar conexões sinápticas, especialmente em resposta à aprendizagem ou à experiência. Quando você foca no positivo, está reforçando os circuitos neurais associados às emoções positivas, o que pode ajudar a contrabalançar os padrões de pensamento negativos.
Cultivar um Diário do Reconhecimento é como cuidar de um jardim interno. Cada anotação é uma pequena semente plantada. No início, pode parecer que o impacto é mínimo, mas com o tempo, essas sementes crescem e florescem, transformando seu campo mental em um espaço mais vibrante e acolhedor. As pequenas flores que você reconhece e valoriza diariamente começam a se espalhar, ocupando mais espaço e, eventualmente, superando as ervas daninhas dos pensamentos negativos.
Com o tempo, as flores mentais começam a brotar de forma mais espontânea. Ao dedicar alguns minutos diários para refletir e registrar suas gratidões, você está não apenas mudando seu foco, mas também construindo um hábito poderoso que pode ter um impacto profundo em seu bem-estar emocional.
2. Saboreando momentos: focando nos prazeres
Muitas vezes, durante dias difíceis, até mesmo pequenos raios de sol passam despercebidos porque estamos tão ocupados focando nos problemas que não conseguimos notá-los. Saborear um momento prazeroso significa desacelerar intencionalmente para se conectar com o presente e aproveitar o que está diante de você. Essa prática, chamada de “savoring” (saborear momentos), é como provar um pedaço de chocolate e deixar que ele derreta na língua, sentindo cada detalhe, em vez de engoli-lo apressadamente sem nem notar o sabor.
Saborear momentos é uma forma de mindfulness (atenção plena) aplicada a experiências prazerosas. Quando você se permite estar plenamente presente em um momento de prazer, você está treinando seu cérebro para reconhecer e valorizar esses momentos, o que pode ajudar a contrabalançar os efeitos da ruminação e dos pensamentos negativos.
Como praticar:
1. Escolha um pequeno momento durante o dia para se envolver completamente com algo prazeroso:
Pode ser o gosto de uma fruta, o cheiro do café, sentir a brisa no rosto, ou ouvir uma música que você gosta.
Encontre algo que naturalmente lhe traga prazer e que possa ser apreciado sem pressa.
2. Dedique-se totalmente a essa experiência por 5 minutos:
Durante esse tempo, tente desligar outros pensamentos e focar apenas no momento presente. Concentre-se nos detalhes: o sabor, o cheiro, a textura ou o som.
Use todos os seus sentidos para explorar a experiência. Por exemplo:
Se estiver saboreando uma fruta, note a cor, a textura, o sabor e o aroma.
Se estiver ouvindo uma música, preste atenção aos diferentes instrumentos, à melodia e às emoções que a música evoca.
3. Pratique o reconhecimento e gratidão durante o momento:
Enquanto desfruta da experiência, reconheça e agradeça por esse pequeno prazer. Isso pode intensificar a sensação de bem-estar e satisfação.
Dicas para aprofundar a prática:
1. Varie as experiências:
Experimente diferentes tipos de momentos prazerosos ao longo da semana. Isso pode incluir atividades ao ar livre, como uma caminhada no parque, ou atividades internas, como ler um livro ou tomar um banho relaxante.
2. Crie um ritual:
Transforme essa prática em um ritual diário. Pode ser tomar um chá calmante todas as noites ou dedicar 10 minutos pela manhã para ouvir sua música favorita.
3. Reflita sobre a experiência:
Após o momento de savoring, reserve um minuto para refletir sobre como você se sentiu. Isso ajuda a solidificar a experiência positiva em sua memória. Exemplo:
- “Hoje, tirei cinco minutos para saborear uma xícara de chá. Sentei-me em silêncio, sentindo o calor da xícara nas minhas mãos, inalando o aroma suave e apreciando cada gole. Foi um momento de pura tranquilidade que me fez sentir mais presente e calmo.”
- “Durante minha caminhada matinal, parei para sentir a brisa fresca no rosto. Fechei os olhos e me concentrei na sensação do vento contra a pele, ouvindo os sons suaves da natureza ao meu redor. Esse pequeno momento me trouxe uma sensação de renovação.”
Por que isso funciona:
Saborear momentos é uma prática que ajuda a combater a tendência de nossa mente de se fixar nos problemas e preocupações. Ao focar intencionalmente em experiências positivas e prazerosas, você está treinando seu cérebro para reconhecer e valorizar esses momentos, o que pode ajudar a contrabalançar os efeitos da ruminação e dos pensamentos negativos. Essa prática ativa o sistema de recompensa do cérebro, liberando dopamina e promovendo sentimentos de prazer e satisfação.
Saborear momentos é como abrir as janelas de uma casa para que o ar fresco entre. Mesmo que a casa esteja desorganizada, aquele simples sopro de ar puro dá uma sensação de renovação. Da mesma forma, mesmo em dias difíceis, dedicar alguns minutos para apreciar um momento de prazer pode trazer uma sensação de frescor e alívio.
Ao praticar o savoring, você está aprendendo a desacelerar e a valorizar os pequenos prazeres da vida. Essa prática pode ajudá-lo a se sentir mais presente, conectado e satisfeito, mesmo em meio aos desafios. Com o tempo, você pode descobrir que esses pequenos momentos de prazer se tornam uma fonte constante de conforto e alegria, ajudando a iluminar seus dias e a fortalecer seu bem-estar emocional.
3. Podando ervas daninhas: agendando as preocupações
Pensamentos repetitivos e catastróficos, conhecidos como ruminação, consomem muita energia mental. Eles podem ser comparados a ervas daninhas que crescem no meio do campo, roubando o espaço e os recursos das flores boas que você tenta cultivar. A ruminação não apenas drena sua energia, mas também reforça padrões de pensamento negativo, dificultando a percepção de soluções ou a apreciação de momentos positivos. Uma maneira eficaz de lidar com isso é estabelecer um limite e horário específico para pensar nas suas preocupações – como se fosse “hora de podar o mato”.
Como funciona:
1. Escolha um horário específico do dia:
Reserve 15-20 minutos em um momento do dia que funcione melhor para você. Pode ser no final da tarde ou no início da noite, mas evite fazer isso logo antes de dormir para não levar preocupações para o seu momento de descanso.
2. Crie um ambiente adequado:
Encontre um lugar tranquilo onde você possa se concentrar sem interrupções. Tenha à mão um caderno ou um dispositivo para anotar seus pensamentos.
3. Durante esse período, anote ou reflita sobre seus medos e pensamentos negativos:
Use esse tempo para explorar suas preocupações de forma estruturada. Você pode escrever sobre o que está incomodando, refletir sobre possíveis soluções ou simplesmente reconhecer os sentimentos sem a necessidade de resolvê-los imediatamente.
4. Estruture seus pensamentos:
Ao anotar suas preocupações, tente organizá-las em categorias (por exemplo, trabalho, relacionamentos, saúde). Isso pode ajudar a clarear a mente e a perceber padrões ou temas recorrentes.
5. Pratique a autocompaixão:
Seja gentil consigo mesmo enquanto reflete sobre suas preocupações. Reconheça que é normal ter medos e dúvidas, e que dedicar tempo para lidar com eles é um ato de autocuidado.
6. Durante o resto do dia, sempre que um pensamento preocupante surgir fora desse horário, diga para si mesmo:
“Agora não. Vou pensar nisso na minha hora reservada para as preocupações.”
Por que funciona:
1. Estabelece limites claros para os pensamentos intrusivos:
Agendar as preocupações ajuda a criar uma fronteira mental, limitando o tempo que você dedica a pensamentos negativos. Isso impede que eles dominem todo o seu dia e permite que você se concentre em outras atividades e experiências.
2. Reduz a ansiedade e a sobrecarga mental:
Saber que você tem um horário específico para lidar com suas preocupações pode reduzir a ansiedade, pois você não sente a necessidade de resolver tudo imediatamente. Isso alivia a sobrecarga mental e permite que você se engaje mais plenamente em outras tarefas.
3. Promove uma abordagem mais estruturada e racional:
Dedicar tempo específico para refletir sobre suas preocupações permite que você as aborde de maneira mais racional e estruturada. Isso pode ajudar a identificar soluções práticas ou a perceber que algumas preocupações são menos urgentes do que parecem.
4. Fortalece o autocontrole e a resiliência:
Praticar o adiamento das preocupações fora do horário agendado fortalece o autocontrole e a capacidade de direcionar sua atenção para o que é mais importante no momento. Com o tempo, isso aumenta sua resiliência emocional.
Dicas para aprofundar a prática:
1. Use técnicas de relaxamento antes e depois:
Antes de iniciar seu tempo de preocupação, pratique alguns minutos de respiração profunda ou meditação para acalmar a mente. Após o período de reflexão, faça algo agradável ou relaxante para ajudar a transitar de volta para um estado mental mais positivo.
2. Reflita sobre seus sentimentos:
Ao anotar suas preocupações, inclua também uma reflexão sobre como esses pensamentos fazem você se sentir. Isso pode ajudar a aumentar sua autoconsciência e a compreensão das emoções subjacentes.
3. Revise suas anotações periodicamente:
De tempos em tempos, reveja suas anotações para identificar padrões ou preocupações recorrentes. Isso pode fornecer insights valiosos sobre áreas da sua vida que precisam de mais atenção ou mudança.
Exemplo:
- “Hoje, durante meus 20 minutos de preocupação, anotei minhas ansiedades sobre o trabalho. Percebi que muitas delas estão relacionadas ao medo de não ser bom o suficiente. Refleti sobre as vezes em que fui elogiado por meu desempenho, o que me ajudou a ver que esses medos nem sempre correspondem à realidade.”
- “Durante meu tempo de preocupação, escrevi sobre meus medos em relação à saúde. Organizei minhas preocupações em categorias e percebi que algumas eram baseadas em suposições e não em fatos. Isso me ajudou a priorizar o que realmente precisa de atenção.”
Agendar suas preocupações é como reservar um tempo específico para podar as ervas daninhas em um jardim. Em vez de deixar que elas cresçam descontroladamente e sufocam as flores, você dedica um momento adequado para cuidar delas, mantendo o jardim mais saudável e equilibrado. Da mesma forma, ao limitar o tempo que você passa ruminando, você protege sua mente e cria espaço para pensamentos e experiências mais positivos.
Ao estabelecer um horário específico para lidar com suas preocupações, você está tomando o controle de sua mente e criando um espaço seguro para explorar e entender seus temores e preocupações. Essa prática não apenas ajuda a reduzir a ansiedade e a ruminação, mas também promove um senso de ordem e clareza mental. Com o tempo, você pode descobrir que suas preocupações se tornam menos avassaladoras e mais gerenciáveis, permitindo que você se concentre em viver o presente de maneira mais plena e satisfatória.
4. Cuidando de si mesmo: exercitando a autocompaixão
Quando estamos enfrentando algo difícil, muitas vezes nossa mente se torna nosso pior crítico, apontando falhas e julgamentos. Esse diálogo interno negativo pode ser extremamente prejudicial, especialmente durante períodos de depressão. A autocompaixão consiste em aprender a lidar consigo mesmo com gentileza, da mesma forma que faria com um amigo próximo que estivesse passando por uma situação difícil. Trata-se de cultivar uma atitude de carinho, compreensão e suporte consigo próprio, reconhecendo que todos nós temos momentos de dificuldade e que isso faz parte da experiência humana.
Por que a autocompaixão é importante:
Porque ajuda a interromper o ciclo de autocrítica e vergonha que pode agravar a depressão. Estudos em neurociência mostram que praticar a autocompaixão ativa áreas do cérebro associadas ao cuidado e à empatia, como o sistema límbico, enquanto diminui a atividade nas áreas relacionadas ao julgamento e à crítica, como o córtex pré-frontal dorsolateral. Isso não só melhora o bem-estar emocional, mas também fortalece a resiliência, permitindo que você lide melhor com os desafios.
Exercício: a carta de amizade
Um exercício eficaz para cultivar a autocompaixão é escrever uma carta para si mesmo como se estivesse escrevendo para um amigo querido. Este exercício ajuda a mudar a perspectiva e a tratar-se com a mesma gentileza e compreensão que ofereceria a outra pessoa.
1. Imagine que um amigo querido está passando por um problema semelhante ao seu:
Pense em alguém que você ama e respeita, e imagine que essa pessoa está enfrentando a mesma dificuldade que você. Como você se sentiria em relação a essa pessoa? O que você diria para confortá-la e apoiá-la?
2. Escreva uma carta para si mesmo usando esse mesmo tom acolhedor e compassivo:
Use a terceira pessoa para escrever a carta, como se estivesse falando diretamente com seu amigo. Esta estratégia ajuda a ativar áreas diferentes do cérebro, facilitando mudanças na forma como você se vê e se trata.
3. Seja específico e detalhado:
Aborde a situação que você está enfrentando, reconheça seus sentimentos e ofereça palavras de encorajamento e apoio. Lembre-se de incluir exemplos de momentos em que você superou desafios no passado.
Exemplo:
“Querido [seu nome],
Eu sei que você está passando por uma fase difícil agora, mas quero que saiba que você é uma pessoa forte e já superou desafios antes. Lembre-se daquele momento em que você conseguiu [descreva uma situação específica]. Isso mostra que você tem a capacidade de enfrentar e superar obstáculos.
Você não precisa resolver tudo de uma vez. É normal sentir-se sobrecarregado às vezes, mas lembre-se de dar um passo de cada vez. Cada pequeno avanço é uma vitória. Cuide de si mesmo, descanse quando precisar e não tenha medo de pedir ajuda. Você merece o mesmo carinho e compreensão que oferece aos outros.
Com carinho,
[Seu nome]”
Dicas para aprofundar a prática:
1. Releia a carta regularmente:
Guarde a carta em um lugar acessível e releia-a sempre que se sentir desanimado ou crítico consigo mesmo. Isso pode servir como um lembrete constante de sua força e capacidade de superação.
2. Escreva novas cartas conforme necessário:
Sempre que enfrentar novos desafios ou sentimentos de autocrítica, escreva novas cartas. Isso ajuda a reforçar o hábito de tratar-se com compaixão.
3. Pratique a autocompaixão diariamente:
Além de escrever cartas, incorpore pequenos atos de autocompaixão em sua rotina diária. Isso pode incluir pausas para respiração profunda, meditação guiada de autocompaixão ou simplesmente falar consigo mesmo de maneira gentil e encorajadora.
Por que isso funciona:
Escrever cartas de autocompaixão e falar consigo mesmo como faria com um amigo ajuda a interromper o ciclo de autocrítica e a cultivar uma atitude mais positiva e solidária. Estudos mostram que a autocompaixão está associada a níveis mais baixos de ansiedade e depressão, além de maior satisfação com a vida e resiliência emocional. Ao praticar a autocompaixão, você está treinando seu cérebro para responder a situações difíceis com cuidado e apoio, em vez de julgamento e crítica.
Praticar a autocompaixão é como aprender a ser seu próprio melhor amigo. Imagine que você está construindo uma rede de segurança interna que o apoia e o sustenta durante os momentos difíceis. Cada ato de autocompaixão é como reforçar essa rede, tornando-a mais forte e capaz de segurá-lo quando você mais precisa.
Exercitar a autocompaixão é uma prática poderosa que pode transformar a maneira como você se relaciona consigo mesmo. Ao tratar-se com a mesma gentileza e compreensão que ofereceria a um amigo querido, você cultiva um ambiente interno de apoio e aceitação. Com o tempo, essa prática pode ajudar a reduzir a autocrítica, aumentar sua resiliência emocional e melhorar seu bem-estar geral. Lembre-se de que todos nós merecemos amor e compaixão, especialmente de nós mesmos.
5. Guardando suas joias: pequenas conquistas
A depressão tende a diminuir o valor das pequenas realizações, levando a uma sensação constante de estagnação ou de “não avançar”. Isso acontece porque nosso foco, em estados depressivos, costuma estar nas dificuldades ou no que ainda não foi feito, obscurecendo aquilo que conseguimos realizar, mesmo que sejam pequenos gestos ao longo do dia. No entanto, essas pequenas ações, frequentemente ignoradas, são como joias escondidas no meio do cotidiano: elas mostram que você está, sim, se movimentando, mesmo que em passos curtos. É por isso que reconhecê-las é essencial.
Guardar suas conquistas diárias é como colecionar essas joias. Ao reuni-las em um registro, você cria um lembrete concreto de que o progresso está acontecendo, inevitavelmente, mesmo nos dias mais difíceis. Essas pequenas realizações, quando registradas, servem como âncora nos momentos em que o desânimo ou a sensação de impotência aparecem. Elas ajudam a construir um senso de competência e motivação, ao mostrar que cada passo, por menor que seja, é valioso.
Como fazer:
No final do dia, reserve cinco minutos para pensar nas pequenas conquistas do dia. Pergunte-se:
“O que eu consegui fazer hoje, mesmo que simples?”
“Qual pequeno ato foi um desafio para mim, mas que superei?”
Anote uma ou duas vitórias no seu diário. Não se preocupe com o tamanho ou importância dessas ações; lembre-se de que a intenção aqui é valorizar o esforço, não a perfeição. Nem tudo precisa ser grandioso para ser significativo.
Exemplos que valem ser reconhecidos:
- “Consegui arrumar a cama hoje. Foi difícil sair do conforto, mas eu fiz.”
- “Respondi uma mensagem que estava adiando há dias. Foi bom me reconectar com essa pessoa.”
- “Levantei e tomei banho, mesmo sem muita energia. Isso me ajudou a me sentir um pouco mais disposto.”
- “Preparei uma refeição simples para mim mesmo e me alimentei com calma.”
Por que funciona:
Essa prática ajuda o cérebro a reavaliar a proporção do que foi feito no lugar de amplificar o que não foi. É como refocar os holofotes. Ao registrar suas conquistas, você percebe que está tomando pequenas ações de autocuidado, enfrentando desafios e avançando na direção que deseja. Esse reconhecimento estimula regiões do cérebro associadas à motivação e ao prazer, como o sistema de recompensa. A repetição do exercício, ao longo dos dias, fortalece os circuitos neurais ligados ao senso de realização.
Imagine que cada conquista que você registra é como uma joia guardada em um baú. No começo, o “baú” pode parecer vazio, mas ao depositar pequenas pepitas de vitórias todos os dias, ele logo começa a se encher. E quando precisar de força em um momento de dúvida ou dificuldade, você poderá abrir esse baú e ver o quanto já construiu, mesmo nos períodos mais complicados.
Com o tempo, esse hábito pode ajudá-lo a valorizar o progresso contínuo, reforçando a ideia de que até os menores esforços têm importância e fazem parte do caminho da recuperação.
6. Construindo propósito: atos significativos
Nem todos os dias trarão prazer ou energia, especialmente em momentos de dificuldade emocional. No entanto, mesmo nos dias de maior desânimo, é possível buscar algo que traga um significado especial, mesmo que seja algo pequeno e aparentemente simples. A construção de propósito vai além da busca por prazer: ela está relacionada àquilo que dá sentido à sua vida e o conecta a algo maior que você, seja uma causa, um valor, uma pessoa ou até mesmo um objetivo pessoal.
Quando você realiza atos significativos, independentemente do tamanho, esses gestos fortalecem o senso de utilidade e pertencimento – dois aspectos frequentemente abalados pela depressão. Pequenas ações podem conter sementes de propósito que, ao longo do tempo, crescem e ajudam a preencher sentimentos de vazio ou desconexão. Lembre-se de que não é preciso realizar algo grandioso; o impacto do propósito está em contribuir, em pequenas doses, para algo que vá além das dificuldades momentâneas.
Como praticar:
Pergunte-se diariamente:
- “O que posso fazer hoje que acrescente significado e felicidade ao meu dia?”
- “Qual pequeno gesto pode beneficiar minha vida ou a de outra pessoa?”
- “O que é mais importante para mim e como posso me conectar com isso, mesmo que por alguns minutos do meu dia?”
Essas perguntas ajudam a canalizar sua atenção para atividades intencionais e a redirecionar o foco do excesso de ruminação para ações que geram conexão, valor ou contribuição.
Além disso, não se prenda a ideias de “grandes propósitos”. As ações significativas que constroem o propósito podem ser discretas, mas constantes, ganhando força com o tempo. Elas estão no presente e podem ser encontradas nas pequenas escolhas feitas a cada dia.
Exemplos do que você pode fazer:
- Ajudar alguém: Oferecer assistência a um colega, amigo ou familiar, seja por meio de uma conversa ou de um gesto prático, como ajudar com uma tarefa ou compartilhar algo útil.
- Cuidar de outra forma de vida: Cuidar de um animal, regar um jardim ou plantar uma muda pode ser uma maneira de se conectar com o mundo ao seu redor e perceber seu impacto sobre ele.
- Contribuir para a comunidade: Participar como voluntário em alguma atividade comunitária, como ajudar em uma instituição local, arrecadar alimentos ou organizar algo que beneficie outras pessoas.
- Concluir uma tarefa que foi adiada: Realizar pequenas tarefas do dia a dia – como arrumar algo na sua casa, organizar um espaço pessoal ou até mesmo escrever um e-mail que estava procrastinando – traz uma satisfação interna por recuperar a sensação de progresso.
- Engajar-se em um hobby significativo: Dedicar um tempo a algo que você goste, como ler, tocar um instrumento, pintar ou escrever, é uma forma de relembrar e exercitar aspectos pessoais que trazem sentido à sua vida.
- Conectar-se com valores pessoais: Reflita sobre o que é importante para você – honestidade, cuidado, amizade ou aprendizado, por exemplo – e encontre pequenos gestos que expressem esses valores no dia a dia.
Por que essas práticas funcionam:
A construção de propósito promove atividade em áreas do cérebro associadas à motivação e ao senso de recompensa, como o córtex pré-frontal e o sistema de dopamina. Durante momentos de depressão, quando as redes neurais associadas a prazer e energia estão enfraquecidas, engajar-se em ações significativas oferece um estímulo compensatório, fomentando a ativação dessas áreas com base no valor subjetivo da ação – isto é, no que ela representa para você.
Mais do que isso, praticar atos de propósito fortalece o senso de conexão, reduzindo a sensação de isolamento que muitas vezes acompanha a depressão. Seja conectando-se com pessoas ao ajudar, seja engajando-se em algo que alinha suas ações aos seus valores, essas práticas ampliam a sua perspectiva e ajudam a quebrar o ciclo de pensamentos focados em problemas.
Construir propósito é como plantar árvores em um solo que, no começo, pode parecer árido. Quando começamos, as sementes podem ser difíceis de imaginar como algo significativo diante de seus desafios. Porém, com compromisso e cuidado, esses atos menores – como ajudar outras pessoas, cuidar de algo ou dedicar atenção a valores que importam – começam a criar raízes. Aos poucos, essas árvores de propósito crescem, oferecendo sombra, frutos e um ambiente mais acolhedor. Embora os resultados possam demorar a surgir, eles sempre geram impactos profundos e duradouros, trazendo conforto e renovação mesmo nos dias mais difíceis.
Pequenos passos, grandes significados
Lembre-se: não se trata de mudar o mundo em um só dia, mas de realizar pequenos gestos que tragam avanço e significado para a sua rotina. A soma dessas pequenas ações, repetidas diariamente, constrói um propósito mais robusto e ajuda a reconfigurar sua percepção do mundo e de si mesmo. Nos dias de maior desânimo, permita-se dar um único passo insignificante aos seus olhos – talvez ajudar alguém, cuidar de um objeto ou finalizar uma tarefa simples. Com o tempo, você notará como esses passos se somam, gerando raízes sólidas para sua jornada.
Conclusão
Redescobrir o positivo não é negar os desafios, mas ampliar a percepção para incluir também os pequenos momentos de luz que existem nos dias nublados. Essas práticas são sementes que, regadas com paciência, podem ajudar sua mente a florescer.
Referências bibliográficas básicas:
- Lyubomirsky, S. (2008). The How of Happiness: A New Approach to Getting the Life You Want. Penguin Books.
- Seligman, M. E. P. (2011). Flourish: A Visionary New Understanding of Happiness and Well-being. Free Press.
- Neff, K. D. (2011). Self-Compassion: The Proven Power of Being Kind to Yourself. William Morrow.
- Fredrickson, B. L. (2009). Positivity: Groundbreaking Research Reveals How to Embrace the Hidden Strength of Positive Emotions, Overcome Negativity, and Thrive. Crown.
- Kabat-Zinn, J. (2013). Full Catastrophe Living: Using the Wisdom of Your Body and Mind to Face Stress, Pain, and Illness. Bantam Books.
- Emmons, R. A. (2007). Thanks!: How the New Science of Gratitude Can Make You Happier. Houghton Mifflin Harcourt.
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